sexta-feira, 10 de julho de 2015

MITOLOGIA GREGA - CRIATURAS DO SUBMUNDO:

3. CRIATURAS DO MUNDO DOS MORTOS:

Dito de passagem, os heróis eram destinados à vida eterna nos Campos Elíseos: os criminosos eram destinados ao castigo eterno no Tártaro: as demais almas ficavam no Érebo, compunham o rio Estige e bebiam da água do rio Lethes, quando chegada a hora, para poder voltarem à terra em outro corpo mortal.

3.1. Caronte:


Como dito anteriormente, Caronte era o barqueiro de Hades, responsável por levar as almas dos recém-mortos ao Submundo, através do Rio Estige. Ele era passível de suborno se o morto trouxesse consigo moedas de outro, para ser levado aos Campos Elíseos. Caronte foi proibido de levar vivos em sua viajem, tal desobediência seria passível de uma punição severa por parte de Hades. Mas, como dito antes, Caronte é facilmente subornado por algumas moedas de ouro.

3.2. Cerberus:


Cerberus era a grande criatura mitológica, que se assemelha a um grande cão, possuidor de três cabeças. Ele é o porteiro de Hades, responsável por não deixar nenhum intruso entrar em seu reino sem permissão, como vivos, deuses ou semi-deuses. Cerberus guarda a outra ponta do Rio Estige. Um dos poucos heróis que conseguiram passar por Cerberus foi Perseu. Para os recém-chegado ao Submundo, Cerberus é gentil e dócil. Para os que tentam fugir, ele mostra sua verdadeira força.

3.3. Fúrias:


Fúrias foi um nome dado pelos romanos, após absolver a cultura grega, mas os gregos costumavam chamar essas três criaturas do Submundo do Erínias. Elas viviam nas partes mais profundas do Submundo, ou seja, o Tártaro, e sua responsabilidade era atormentar e castigar os criminosos, os que foram destinados ao eterno sofrimento. Elas nasceram do sangue que gotejou em Gaia quando Urano foi castrado por Cronos, mas também há variações que afirmam serem filhas de Nyx. Assim como Nêmesis era responsável por castigar os deuses, as Fúrias eram responsáveis por castigar os mortais,
principalmente em seus crimes mais sangrentos. Elas eram espécie de “voz do arrependimento”, forças da natureza que passavam toda a vida do sujeito reclamando seus crimes e só se davam por satisfeitas quando este morria. Ao ir para o Tártaro, teria de ser atormentado eternamente pelo rancor e castigo interminável (literalmente). Eram tão temidas que os homens usavam de eufemismos para não dizer os nomes literais. Eram três, como dito antes: Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável).

Tisífone, o castigo, é responsável pelos crimes de assassinato, de todos os gêneros. Para punir o transgressor, ela o açoita até enlouquecê-lo.

Megera, o rancor, tem o dever de atormentar aqueles que cometeram delitos contra o matrimônio, como traições, mentiras, sendo ela a personificação do ciúme. Descreve-se também que ela atormenta o criminoso gritando em seus ouvidos constantemente, lembrando-o de seus erros, suas traições.

Alecto, a implacável, tem o dever de atormentar aqueles que cometeram delitos morais, como orgulho, soberba, ira, inveja, etc. Ela quem espalha pestes e moléstias, também é ela quem atormenta o criminoso por toda a vida, não deixando-o dormir.

3.4. Os Juízes:


Os Juízes do Submundo também eram três: Radamanto, Eaco e Minos. Eram responsáveis pelo julgamento das almas, eram eles que diziam qual seria o destino destas e, neste julgamento, nem mesmo Hades interferia. Ambos os três eram filhos de Zeus, nenhum porém com a pobre Hera.

Radamanto era o julgador dos asiáticos e dos africanos, era o mais severo de todos os três e irmão de Minos, tanto por parte de pai quanto por parte de mãe – Europa.

Éaco era filho de Zeus com Egina, avô de Aquiles e pai de Peleu. Ele julgava os europeus.

Minos, por fim, era quem desempatava a decisão, caso houvesse algum empate. Ele era filho de Zeus com Europa assim como Radamanto.

REFERÊNCIAS:

  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

MITOLOGIA GREGA - O REINO DOS MORTOS:

2. O SUBMUNDO GREGO:

Infelizmente, as mitologias são muito mais extensas do que eu seria capaz de publicar e todas contém várias versões sobre o mesmo assunto, o que torna a sua fidelidade bastante diluida. Contentem-se aqui com um gosto rápido, saboreiem o prato verdadeiro através de um petisco. Antes de mais nada, quero deixar claro o grande equívoco que ocorreu, na cultura popular, ao comparar o Submundo grego com o conceito de Inferno católico. Claro, que esta não é a hora apropriada para dizer-lhes sobre o Inferno. Mas, é a hora para dizer-lhes sobre o Submundo e sua dinâmica. O Submundo não é o Inferno, tampouco Hades – senhor do Submundo – pode ser tratado como senhor Infernal. Em grego, Submundo é Ypokosmos, “o que está abaixo do mundo”. O Submundo nada mais é do que uma espécie de segundo plano, para onde as almas dos mortos vão passar sua eternidade, ou, se possível, preparar-se para uma nova vida. O mundo dos mortos também pode ser chamado de Hades, que é o nome do senhor deste mundo.

Acredita-se que o Submundo seja dividido em três áreas, cujos destinos das almas depende de seu comportamento na terra, depende da honra.

2.1. Os Campos Elíseos:


Para as almas boas, guerreiras, justas e sábias, há um local no Submundo chamado Campos Elíseos – também era uma região conhecida dos gregos, mas, que não faziam parte de sua Pólis. A geografia grega sempre teve um terreno árido e seco, de temperatura morna. Ao se descobrir os Campos Elíseos, além de suas fronteiras, eles imaginaram ali uma espécie de Paraíso, onde as almas mortas iam, se assim mereciam. É descrito como um local fértil, de árvores e frutos, bucólico, de paz e alegria eterna. Havia outra forma também de entrar nos campos Elíseos: manipulando o barqueiro Caronte. Alguns gregos, em seus ritos funerais, colocavam moedas de outro nos olhos do cadáver, acreditando que essas moedas poderiam subornar o barqueiro de Hades e permitir que aquele sujeito fosse para os campos Elíseos, ter uma vida eterna de paz.

2.2. O Tártaro:


Para as almas desonrosas, que desagradaram aos deuses ao longo da vida, resta-lhes o Tártaro. Este sim, pode ser considerado um suposto inferno, dentro do Submundo. Cronos, pai Titã do próprio Hades foi jogado ali, depois de esquartejado, para não mais poder voltar a governar. O Tártaro é um local de punição às almas que assim merecem. Tártaro também era um dos deuses primordiais, nascido do Caos. Gaia era a titã, personificação da terra; Urano era a personificação do ar, Tártaro era a personificação dos cantos mais profundos e inabitáveis da terra. Ele representava os cantos mais terríveis do reino de Hades, cantos cavernosos, mergulhados nas trevas, onde os inimigos dos deuses e os criminosos eram mandados. Em suma, o Tártaro é uma energia primordial, mas também é o local onde se encontram aprisionados os Titãs e também o local de castigo eterno para os mortais desvirtuosos. No Tártaro, também havia o rio Flagetonte, rio de fogo, cujas chamas eram nocivas e cercavam o lugar, impedindo que os atormentados fugissem.

2.3. O Érebo:


Fora esses dois lugares, para as demais almas, restava o campo, onde estaria o rio Estige, ou rio Stix. Segundo relatos gregos, o rio Stix era feito de almas dos mortos e era o caminho para as terras de Hades. Era através dele que Caronte, o barqueiro, levava as almas dos recém-chegados. Outro rio importante para a mitologia da vida e morte grega, era o rio Lethes. Como o próprio nome significa “esquecimento”, o rio Lethes era o rio do esquecimento, do qual as almas destinadas a reencarnar bebiam. Elas deviam beber de suas águas para esquecerem-se das vidas passadas e poder nascer novamente, em outro corpo. É nesta região onde as demais almas mortais permanecem. Não heróis virtuosos, mas também não vilões, esse local é também chamado de Érebo (trevas) onde reina o silêncio e a solidão, florestas vazias e escuras, sombreadas. Há versões que contam que o rio Lethes pertence aos Campos Elíseos, o que torna sua localização um tanto quanto confusa.

Dito de passagem, os heróis eram destinados à vida eterna nos Campos Elíseos: os criminosos eram destinados ao castigo eterno no Tártaro: as demais almas ficavam no Érebo, compunham o rio Estige e bebiam da água do rio Lethes, quando chegada a hora, para poder voltarem à terra em outro corpo mortal.

REFERÊNCIAS:

  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

MITOLOGIA GREGA - PESÉRFONE:



1. OS DEUSES GREGOS DO MUNDO DOS MORTOS:

1.3. Pesérfone:

Conta a história – e, mais uma vez, cheia de versões, cuja algumas informações permanecem em comum – Deméter e Zeus tiveram uma filha, chamada Koré (jovem moça). Era uma deusa menor, que vez ou outra ajudava sua mãe com seu dever sobre a fertilidade do solo, da plantação e do gado. Era uma pequena deusa muito bonita, de modo que vários deuses e humanos a cortejaram, dentre eles Hefestos, Hermes e Apolo. Incomodada com a situação, Deméter escondeu sua filha dos deuses, deixando-a fora do Olimpo, a vagar na Terra com as ninfas e algumas deusas. Isso não a protegeu, exatamente. Certo dia, Hades o senhor do Submundo viu-a e se apaixonou. Imediatamente, foi pedir a
mão de Koré para seu irmão Zeus. Sem sequer consultar Deméter, Zeus negou o pedido do irmão, possesso de ciúmes. Hades voltou para seu reino, então, enfurecido.

Lá no Submundo, Hades armou um plano de raptá-la. Certo dia, quando Koré estava colhendo flores com outras ninfas, um buraco se abriu na terra, vindo do Submundo, e de dentro dele saiu Hades. Ele transformou as duas ninfas presentes em rios correntes do lugar, pegou Koré nos braços e a levou para o reino dos mortos, para desposá-la. No reino de Hades, Koré negava se casar com o grande Deus, mas este também negava devolver a garota. Deméter, ao saber do rapto da filha, pôs-se em desespero e culpou Gaia (a terra) por ter deixado emergir aquele Deus infernal para raptar sua filha. Por este tempo, ela deixou de exercer seu dever com os homens: os arados quebraram, a terra se tornou infértil e nada crescia nelas. Preocupado com toda a situação, Zeus procurou Hades e ordenou que o irmão devolvesse sua filha. Hades, no entanto, não foi convencido. Ele não estava nem um pouco disposto a devolver a sua futura esposa.
Foi-se feito então um acordo entre Zeus e Hades, de que Koré passaria um período no Érebo, sem poder comer nada. Se ela obedecesse as regras do jogo, Hades a devolveria para seus pais. Mas, se Koré quebrasse as regras do acordo, ela teria de ficar no Submundo com Hades, pois todos aqueles que se alimentam de frutos do Érebo devem permanecer lá. Com o trato feito, os pais da jovem Koré só podiam esperar. Enquanto isso, Deméter tem uma outra filha, dessa vez de seu irmão Poseidon. Mas, ela abandona a menina e não dá sequer nome para ela, de tão preocupada com sua primeira filha. Essa pequena deusa, mais tarde, se tornaria Despina, a deusa das eras glaciais, das sombras, que inveja Persérfone por ser a preferida da mãe. Mas, diga-se de passagem, Despina não importa nem mesmo para nós agora.

Koré então quebra o acordo. No último dia do trato, ela come uma só semente de uma romã do Érebo e é condenada a permanecer lá para sempre. Hades, no mesmo dia, estupra-a, de modo a consumar a relação dos dois. Koré, com o tempo, acaba se apaixonando por Hade (alguns dizem ser um feitiço, não uma paixão verdadeira) s e decide que seria esposa dele, por própria vontade. Mas, esta decisão da menina não ajudava com a situação da terra, que estava em seca total, humanos morrendo de fome, por conta da depressão de Deméter. Koré faz então um acordo com Hades e com Deméter, e ambos concordam com este.


("O Retorno de Persérfone" de Frederic Leighton, 1891)

Por um período do ano, ela passará o tempo com sua mãe, para que a grande deusa não tenha mais saudade da filha. E por outro período do ano, passaria ao lado de Hades, seu marido. Desde então, o ano para os humanos passou a ter estações. Quando Persérfone voltava a ser Koré, ao lado de sua mãe, a primavera chegava, varrendo o inverno, e os frutos e cereais perdurava m até o verão. Quando Koré voltava a ser Persérfone, ao lado de Hades, as plantações sofriam uma grande seca, o outono, que gradativamente piorava à medida em que Deméter sentia a falta da filha, perdurando até o inverno, que era afastado quando Persérfone retornava como Koré.

Persérfone, portanto, é a deusa do Submundo, rainha de Hades. Descrita por ser rival de Afrodite na beleza, ela tem cabelos negros e longos, e pele alva. Ela teve uma filha com ele, chamada Macária, a deusa da boa morte. É responsável pelas estações do ano, segundo a história contada acima. Como Hades, ela é temida por todos os mortais, mas também é uma deusa de beleza avassaladora, tornando-se até mesmo rival de Afrodite, tamanha sua capacidade de sedução. Além de Macária, Persérfone teve mais outros dois filhos, no entanto, com Zeus.

Como dito no post anterior, Melinoe, a filha que teve quando Zeus a enganou e Sabázio, o filho que teve quando Zeus transformou-se numa serpente e a estuprou. Persérfone significa “aquela que destrói a luz”, assim como Koré significa “moça jovem (virgem)”. Ela era geralmente amigável com os mortais e os heróis, sempre ajudava Hades em suas decisões, tornando-as mais passivas e menos severas com aqueles que ela se agradava. Mesmo assim, pelo temor que os mortais tinham dela, costumavam chamá-la de Hera Infernal, um de seus milhares de apelidos.

REFERÊNCIAS:
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br >

MITOLOGIA GREGA - HADES:

1. OS DEUSES GREGOS DO SUBMUNDO:

2.2. Hades:


(Escultura de Hades raptando Coré)

Cronos (o titã do tempo) recebeu a profecia do Oráculo de que, um dia, um filho seu iria tomar o lugar de seu trono. Cheio de si, orgulhoso de seu trabalho e temendo que isto acontecesse, o grande titã passou a devorar seus filhos, para que nenhum deles restasse. Ele devorou, no total, 5. O sexto filho foi poupado por sua mulher, Réia, rainha dos titãs. Esse sexto filho poupado foi Zeus. Réia, temendo que ele fosse devorado como os outros por seu marido, deu a ele um pano cheio de pedras no lugar de Zeus, enganando a Cronos. Dessa forma, Zeus cresceu e planejou com sua mãe uma bebida que Cronos beberia, para vomitar seus 5 irmãos devorados. O titã não desconfiou das artimanhas da mulher e vomitou a todos, sendo eles: Hera, Deméter, Héstia, Hades e Poseidon. Os três homens juntos, Hades, Poseidon e Zeus lutaram contra seu pai. Obviamente, eles tiveram ajuda de outros titãs, que eram inimigos de Cronos e apoiavam Zeus. A Zeus, esses titãs deram seus raios. A Poseidon, o seu tridente e a Hades, o seu elmo da escuridão, que o tornava invisível.

Na luta marcada, Poseidon distraía Cronos com seu tridente enquanto Hades, invisível com o seu elmo, dava-lhe golpes e, no final, Zeus o finalizou com seus raios. Esquartejaram Cronos e o aprisionaram no Tártaro. Outros titãs, amigos de Cronos, indignados com a sua morte, juntaram-se também à causa e guerrearam com os 6 novos deuses, da segunda geração. Essa batalha épica foi chamada de Titanomaquia pelos gregos, foi quando os titãs que apoiaram Cronos foram aprisionados no Tártaro junto com ele e os titãs que apoiavam o Olimpo juntaram-se aos novos deuses. Nessa guerra, o mundo foi dividido entre os novos três poderosos. Zeus tornou-se dono da terra e do céu, tornando-se também deus dos deuses, por ter salvo seus irmãos. Poseidon tornou-se deus dos mares e rios, onde reinam as criaturas marinhas. E por último, Hades, tornou-se deus do Submundo, onde os mortos moram.

Hades é, portanto, o Senhor do Submundo e é o mais velho dos irmãos homens, sendo Hera a mais velha de todos eles e das mulheres. Também é reconhecido pelos eufemismos O Invisível, O Rico, O Impiedoso e O Hospedeiro. Para os romanos, Hades passou a se chamar Plutão. Ele tem uma personalidade ríspida, é insensível às lamúrias dos vivos e dos mortos. Frio, distante, ele era temido pelos gregos e romanos, que recusavam a dizer-lhe o nome certo. Ele era O Invisível devido ao seu elmo da escuridão. Ele era O Rico, porque além de ser o deus dos mortos, ele era o deus das riquezas minerais, das jóias subterrâneas, pertencentes, obviamente, ao seu mundo. Ele era O Hospedeiro, porque em seu reino todas as almas são bem-vindas quando morrem, é para lá que elas vão após suas vidas e é de lá que elas partem para uma nova vida, depois de beberem do rio Lethes. No reino de Hades, deus algum pode entrar sem permissão, assim como ele também foi proibido de entrar no Olimpo ou nos domínios marinhos de Poseidon sem antes ter o consentimento dos irmãos.

Mais tarde, Hades casa-se com Persérfone. É interessante que contemos essa história mais tarde, quando formos falar de Persérfone. Persérfone é filha de Deméter e Zeus, irmãos de Hades, e torna-se a rainha do Submundo junto a ele. Hades é o deus grego mais fiel ao seu casamento. Diga-se de passagem, traiu Persérfone apenas duas vezes – para um deus grego, isso é mais do que um recatado, lembrem-se de Zeus em comparação! – e essas duas vezes foram com a Ninfa Minta, por quem ele se apaixonou, e uma das filhas de Oceanus (o titã dos oceanos). Quando descoberta a sua relação extra-conjulgal com Minta, a própria sogra, Deméter, fez questão de transformar a pobre ninfa numa espécie de planta, mas que até hoje é bastante consumida, possui um gosto refrescante e um perfume peculiar: a menta (ou hortelã). Quanto à pobre oceânida, restou-lhe ser transformada em um tipo de flor, chamada álamo prateado, ou álamo branco.

Quanto à paternidade, Hades se torna bastante confuso diante da mitologia. Sua única filha – que se pode comprovar ser sua filha – é Macária, a deusa da boa morte. Ainda assim, há dúvidas se ela é filha ou não de Persérfone com esse deus. Alguns outros relatos afirmam que Zagreu e as Erínias (Fúrias) foram filhos de Hades. Em contrapartida, o que mais se ouve é que Zagreu era Dionísio (deus da festança) disfarçado e que as Fúrias nasceram do sangue que gotejou de Urano, quando Cronos o castrou – sendo assim, elas seriam anteriores a Hades. Todavia, houve um relato interessante sobre uma suposta filha de Persérfone, Melinoe. Melinoe é a deusa dos fantasmas e das cerimônias fúnebres. Pela sua mania de passear pela noite, ela é o motivo dos cachorros latirem sem uma razão aparente para seus donos. Ela seria filha de Persérfone e Zeus, estando Zeus disfarçado de Hades, de modo a enganá-la. Acreditando estar com o marido, Persérfone engravidou de Zeus, crendo estar grávida de Hades.

REFERÊNCIAS:
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

MITOLOGIA GREGA - THANATOS



Nos inícios de todo o tempo, o mundo era caótico, obscuro e vazio. Era silencioso e infinito, e indefinido, tudo e nada ao mesmo tempo. Existiam apenas entidades primitivas que interagiam entre si, naquele caos. Havia Nyx, a Noite Eterna e havia Érebo, a Treva profunda onde a Morte habita. De Nyx e Érebro, nasceu Thanatos, a Morte. Logo depois, de um grande ovo (e até hoje é um mistério por detrás do surgimento deste ovo), fruto do caos, nasce o amor, Eros. Essas foram as primeiras entidades do mundo. Elas foram criadas do caos. Desde o nascimento de Eros, então, formou-se a luz e, em consequência, o dia radiante em contraste com a noite (Nyx). Os elementos da terra se dividiram e se organizaram, definindo o que era mar, o que era terra e o que era ar. Assim, nasceu o mundo que os gregos conheciam. Essa parte da história chama-se Cosmogonia. Desta Terra recém-formada, nascem os primeiros deuses, os chamados deuses primitivos ou Titãs. Dos titãs, nascem os deuses gregos, cuja maioria vive no Olimpo.

Não é tão importante dizer agora como os três filhos de Cronos - Zeus, Poseidon e Hades - derrotaram o titã Pai e esquartejaram-no, aprisionando-o no Tártaro. O que é importante ressaltar é que, como por exemplo, Afrodite, deusa do amor, teve um filho chamado Eros. Sabemos agora que Eros era uma entidade antiga, que surgiu do caos, há muito antes de Afrodite nascer. Mas, naquele momento, foi como se Eros tivesse se personificado no filho de Afrodite, numa figura de deus grego, numa forma quase humana. Dizemos então que, Eros é a personificação do amor. Tão igual quanto, Thanatos é a personificação da Morte.

1. OS DEUSES GREGOS DO MUNDO DOS MORTOS:

1.1. Thanatos:


("Angel of Death" de Evelyn de Morgan, 1881)

Thanatos é filho de Nyx, a deusa primordial da noite, com Érebro, o deus primordial da noite do Submundo (Ypokosmos). Ele é irmão gêmeo de Hypnos, o deus do sono e tio de Morpheus, o deus dos sonhos. Thanatos é descrito, muitas vezes, como um jovem de cabelos e olhos prateados. Ele tem o coração de ferro e as entranhas de bronze. Thanatos também é descrito como uma névoa prateada que cobre os homens, na hora de buscá-los. Para os gregos antigos, Thanatos é inevitável. Quando chega a hora do homem morrer, não adianta fugir, pois de um jeito ou de outro, a morte virá para buscá-lo. Thanatos, é o deus da morte, diferente de Hades que é o senhor do Submundo, deus dos mortos. Hades comanda o submundo, é o dono do reino dos mortos (que também é chamado de Hades, o próprio reino) e Thanatos é quem designa os homens a ir de encontro com este senhor.

Para ilustrar a presença física e metafórica de Thanatos, devo contar a lenda de Sísifo, o rei mais esperto dos mortais. Certa vez, Zeus transformou-se em águia para raptar a filha de Asofo, passando a voar pelas terrar de Sísifo. Quando Asofo perguntou-lhe se havia visto sua filha, o rei disse-lhe da história da águia, dedurando Zeus. Furioso, Zeus mandou Thanatos para buscá-lo. Chegando na casa do esperto homem, a Morte estava prestes a pegá-lo quando começou a ouvir cargas de elogios do rei, ficando lisonjeado com sua gentileza. O rei então ofereceu a Thanatos para pôr um colar em seu pescoço, em forma de presente, gracejo. Quando menos percebeu, distraído pelas gentilezas do rei, Thanatos foi pego por Sísifo, pois o colar não era um presente, era uma coleira. Thanatos, então, ficou acorrentado e aprisionado pelo rei astuto por um bom tempo. Com a Morte impedida, grego nenhum perecia na Terra, o que começou a prejudicar a dinâmica do Submundo, enraivecendo Hades. Também deixou Ares, deus da guerra, furioso, pois Ares precisava de mortes para consumar suas guerras. Sem Thanatos, as guerras tornavam-se intermináveis, pois guerreiro algum morria nas batalhas!

Furioso, o próprio Hades fez questão de libertar Thanatos, pessoalmente, e ordenou que ele trouxesse Sísifo direto para o Submundo, sem delongas. Mas, após morto, já no Ypokosmos, o rei esperto reclamou sobre o desrespeito de sua mulher que sequer o enterrou, na hora de sua morte, e pediu para que seu prazo fosse prolongado, para que ele fosse à terra se vingar da esposa ingrata. Hades aceitou o prazo e Thanatos deixou-o voltar. Esperto, Sísifo fugiu com sua esposa e nunca mais foi visto. Enganou a Morte pela segunda vez. Morreu de velhice, claro, como todos os homens mortais. Pela terceira vez, encontrou-se com a Morte e com Hades e ambos mal podiam esperar para dar-lhe a lição. Afinal, a Morte é inevitável! Ao chegar no Submundo, Hades o castigou, por ter sido rebelde e astuto, dando-lhe o fardo de ter de empurrar uma pedra esférica por um morro acima, por toda a eternidade. Toda a vez que Sísifo chegava perto do topo do morro, a pedra era empurrada por uma "força" e rolava ladeira abaixo até o ponto inicial, forçando o rei morto a empurrá-la de novo pelo morro, assim por toda a eternidade.


("Sísifo" de Tiziano, 1549)

Thanatos vive nos Campos Elíseos com seu irmão Hypnos. Em muitas gravuras, foi representado vestido com uma capa de capuz e também possuindo grandes asas, que evidenciam a velocidade com que ele chega aos humanos. O símbolo da foice em Thanatos significa que os humanos são colhidos de sua terra em massa (não de um em um) como plantações arrancadas por uma foice.


("Hypnus e Thanatos" de John William Waterhouse, 1874)

REFERÊNCIAS:
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

INTRODUÇÃO

As pessoas podem mudar ao longo dos milênios, mas algumas perguntas sempre permanecem.

De onde viemos? Como tudo isso surgiu? Por que morremos? O que acontece depois da nossa morte? Para onde vamos? O que a morte significa? E o que a vida significa?!

Por muito tempo, vozes cantaram históricas e músicas sobre esse tema. Muita gente diz que é sempre necessário indagar sobre o significado da nossa vida. Mas, poucas delas perceberam que, só se pode compreender o sentido da vida, após compreender o sentido da morte.

O problema é que, hoje em dia, ninguém quer mais cantar sobre o assunto por aí! As pessoas se calaram, elas tentam ignorar a morte dos outros e a própria morte.

Produtos de beleza que prometem a juventude eterna
Cirurgias milagrosas que podem curar qualquer doença
Remédios que prometem lhe repôr tudo que vem perdendo com a idade

Pobre morte que hoje em dia é rejeitada. Ninguém quer engolí-la. E quando ela aparece, é ridicularizada, ou debochada.

Programas sensacionalistas que mostram, sem pudor ou respeito, os "presuntos" na rua

Onde está o medo e a reverência diante da morte? E ao luto? Se fizermos um estudo ao longo de décadas, vamos descobrir um dos motivos pelos quais as portas das casas antigas eram mais largas e altas: os enterros eram feitos em casa, os parentes cuidavam do ente falecido, participavam de um ritual de despedida, e acompanhavam o caixão até o cemitério em uma marcha fúnebre, num processo de deixar, aos poucos, a dor da perda ser substituída pela saudade.

Hoje em dia, não há espaço para a morte em qualquer lugar. Quem cuida do corpo do morto são os agentes funerários, e após a sua morte no hospital, o corpo é escondido rapidamente para que ninguém o veja, levado por um carro negro, e a família em luto só terá contato novamente com o ente querido já no cemitério, pronto para ser enterrado, sujeitos a apenas uma rápida cerimônia onde todos tentam se distrair, conter as lágrimas e não vivenciar aquela sensação vazia a todo custo.

Mas, o que a sociedade ainda não percebeu, e que venho trazer aqui, leitor, é uma verdade dolorida: a morte não pode ser ignorada, ela chega, sempre, de qualquer jeito, não importa o quanto fujamos e debochamos dela! Podemos ridicularizá-la em programas de tevê, e desafiá-la com nossos produtos químicos, remédios e medicina.

Mas, ao encarar a face da morte frente a frente - seja com a perda de alguém que amamos, com a perda do emprego, de um membro de nosso corpo, de um relacionamento amoroso, ou até mesmo com a eminência de que nossa morte está se aproximamos - nós percebemos o quão áustera, imbatível, poderosa e aterradora ela é. E o arrependimento nos bate, devíamos ter tido mais respeito com ela.

Por afinal, é tendo respeito pela morte, que temos respeito pela vida. Sabemos aproveitar mais nosso tempo, quando paramos de encarar o fim deste como uma brincadeira. Valorizaríamos mais a vida, se tivéssemos valorizado a morte.

Eis que esse site entra em uma contradição. Ele cantará a morte, mais para cantar a vida! Aqueles que estão curiosos sobre o assunto por mim são considerados sábios, pois estão buscando a vida, ao invés da morte, e a simples intuição de buscar entender a morte, já é um desejo de buscar entender a própria vida.

Aqui nesse blog, a morte terá voz! Nas vozes de vários povos, desde os tempos antigos, até os autores mais modernos que falaram e falam do assunto. Poderemos então novamente entender como o ser humano, desde o início dos tempos, têm lidado com o tema "morrer" e "viver", e o que se modificou de lá para cá, quais as crenças, quais os costumes, a cultura, o sentimento e o clima em volta desse assunto. Quem gosta de história, mitologia, religião e literatura também encontrará alguma coisa para si aqui nesse lugar. Apenas, o foco nosso é sobre a vida e a morte, sobre o morrer e o viver!

Neste blog, Thanatos canta!