sexta-feira, 10 de julho de 2015

MITOLOGIA GREGA - THANATOS



Nos inícios de todo o tempo, o mundo era caótico, obscuro e vazio. Era silencioso e infinito, e indefinido, tudo e nada ao mesmo tempo. Existiam apenas entidades primitivas que interagiam entre si, naquele caos. Havia Nyx, a Noite Eterna e havia Érebo, a Treva profunda onde a Morte habita. De Nyx e Érebro, nasceu Thanatos, a Morte. Logo depois, de um grande ovo (e até hoje é um mistério por detrás do surgimento deste ovo), fruto do caos, nasce o amor, Eros. Essas foram as primeiras entidades do mundo. Elas foram criadas do caos. Desde o nascimento de Eros, então, formou-se a luz e, em consequência, o dia radiante em contraste com a noite (Nyx). Os elementos da terra se dividiram e se organizaram, definindo o que era mar, o que era terra e o que era ar. Assim, nasceu o mundo que os gregos conheciam. Essa parte da história chama-se Cosmogonia. Desta Terra recém-formada, nascem os primeiros deuses, os chamados deuses primitivos ou Titãs. Dos titãs, nascem os deuses gregos, cuja maioria vive no Olimpo.

Não é tão importante dizer agora como os três filhos de Cronos - Zeus, Poseidon e Hades - derrotaram o titã Pai e esquartejaram-no, aprisionando-o no Tártaro. O que é importante ressaltar é que, como por exemplo, Afrodite, deusa do amor, teve um filho chamado Eros. Sabemos agora que Eros era uma entidade antiga, que surgiu do caos, há muito antes de Afrodite nascer. Mas, naquele momento, foi como se Eros tivesse se personificado no filho de Afrodite, numa figura de deus grego, numa forma quase humana. Dizemos então que, Eros é a personificação do amor. Tão igual quanto, Thanatos é a personificação da Morte.

1. OS DEUSES GREGOS DO MUNDO DOS MORTOS:

1.1. Thanatos:


("Angel of Death" de Evelyn de Morgan, 1881)

Thanatos é filho de Nyx, a deusa primordial da noite, com Érebro, o deus primordial da noite do Submundo (Ypokosmos). Ele é irmão gêmeo de Hypnos, o deus do sono e tio de Morpheus, o deus dos sonhos. Thanatos é descrito, muitas vezes, como um jovem de cabelos e olhos prateados. Ele tem o coração de ferro e as entranhas de bronze. Thanatos também é descrito como uma névoa prateada que cobre os homens, na hora de buscá-los. Para os gregos antigos, Thanatos é inevitável. Quando chega a hora do homem morrer, não adianta fugir, pois de um jeito ou de outro, a morte virá para buscá-lo. Thanatos, é o deus da morte, diferente de Hades que é o senhor do Submundo, deus dos mortos. Hades comanda o submundo, é o dono do reino dos mortos (que também é chamado de Hades, o próprio reino) e Thanatos é quem designa os homens a ir de encontro com este senhor.

Para ilustrar a presença física e metafórica de Thanatos, devo contar a lenda de Sísifo, o rei mais esperto dos mortais. Certa vez, Zeus transformou-se em águia para raptar a filha de Asofo, passando a voar pelas terrar de Sísifo. Quando Asofo perguntou-lhe se havia visto sua filha, o rei disse-lhe da história da águia, dedurando Zeus. Furioso, Zeus mandou Thanatos para buscá-lo. Chegando na casa do esperto homem, a Morte estava prestes a pegá-lo quando começou a ouvir cargas de elogios do rei, ficando lisonjeado com sua gentileza. O rei então ofereceu a Thanatos para pôr um colar em seu pescoço, em forma de presente, gracejo. Quando menos percebeu, distraído pelas gentilezas do rei, Thanatos foi pego por Sísifo, pois o colar não era um presente, era uma coleira. Thanatos, então, ficou acorrentado e aprisionado pelo rei astuto por um bom tempo. Com a Morte impedida, grego nenhum perecia na Terra, o que começou a prejudicar a dinâmica do Submundo, enraivecendo Hades. Também deixou Ares, deus da guerra, furioso, pois Ares precisava de mortes para consumar suas guerras. Sem Thanatos, as guerras tornavam-se intermináveis, pois guerreiro algum morria nas batalhas!

Furioso, o próprio Hades fez questão de libertar Thanatos, pessoalmente, e ordenou que ele trouxesse Sísifo direto para o Submundo, sem delongas. Mas, após morto, já no Ypokosmos, o rei esperto reclamou sobre o desrespeito de sua mulher que sequer o enterrou, na hora de sua morte, e pediu para que seu prazo fosse prolongado, para que ele fosse à terra se vingar da esposa ingrata. Hades aceitou o prazo e Thanatos deixou-o voltar. Esperto, Sísifo fugiu com sua esposa e nunca mais foi visto. Enganou a Morte pela segunda vez. Morreu de velhice, claro, como todos os homens mortais. Pela terceira vez, encontrou-se com a Morte e com Hades e ambos mal podiam esperar para dar-lhe a lição. Afinal, a Morte é inevitável! Ao chegar no Submundo, Hades o castigou, por ter sido rebelde e astuto, dando-lhe o fardo de ter de empurrar uma pedra esférica por um morro acima, por toda a eternidade. Toda a vez que Sísifo chegava perto do topo do morro, a pedra era empurrada por uma "força" e rolava ladeira abaixo até o ponto inicial, forçando o rei morto a empurrá-la de novo pelo morro, assim por toda a eternidade.


("Sísifo" de Tiziano, 1549)

Thanatos vive nos Campos Elíseos com seu irmão Hypnos. Em muitas gravuras, foi representado vestido com uma capa de capuz e também possuindo grandes asas, que evidenciam a velocidade com que ele chega aos humanos. O símbolo da foice em Thanatos significa que os humanos são colhidos de sua terra em massa (não de um em um) como plantações arrancadas por uma foice.


("Hypnus e Thanatos" de John William Waterhouse, 1874)

REFERÊNCIAS:
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

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