segunda-feira, 30 de novembro de 2015

MITOLOGIA GREGA - O DESTINO, A VIDA E A MORTE:

MOROS

O que os gregos diziam sobre o destino da vida e da morte de seus humanos e de seus deuses? Sabe-se que Moros é a personificação primordial do destino, filho de Nyx, bem como todos os outros deuses primordiais retratados nesta postagem. Ele era o destino, portanto, assim como Thanatos, ele era inevitável, inviolável. Normalmente, os gregos consultavam Oráculos para saberem de seus destinos, seus Moros. Ele, para os gregos, era imutável, tecido pela Roda da Fortuna das Moiras, e não adiantava tentar ignorá-lo. Um dos mitos mais famosos gregos, sobre Édipo, cita a importância do destino. O rei Laio, rei de Tebas, soube pelo Oráculo de Delfos o seu terrível Moros, de que o filho que teria com sua mulher o mataria e se casaria com a mesma. Em desespero, tentando driblar o Destino, Laio pega seu filho e o deixa no monte Citerão, com os pés pregados, para que morresse. No
entanto, o Destino é irreversível. Um pastor salva o garoto da morte e o batiza de Edipodos (significa pés furados) e logo mais tarde o Rei de Corinto o adotou. Édipo então cresce, sem saber de sua família e volta a Delfos. Como Moros é inevitável, Édipo de apaixona por uma mulher que, sem saber, trata-se de sua própria mãe. O Rei Laio então o convida para uma luta, no qual quem venceria ficaria com Jocasta (mãe de Édipo). Nesta luta, obviamente, Édipo ganha e mata o pai, casando-se com Jocasta. A tentativa do rei Laio para ignorar Moros foi em vão. Assim é esta personificação da mitologia grega.


(O Oráculo de Delfos retratado em um vaso antigo grego)

AS MOIRAS

As Moiras também foram chamadas de Parcas pelos romanos. Elas pertenciam ao Submundo, mas eram responsáveis mais pelo processo de vida do indivíduo do que da morte. Sendo deusas primordiais, ou seja, surgidas do Caos, antecedentes a Zeus, as Moiras são responsáveis pelo destino de todos, deuses, humanos, ninguém escapa das decisões das Moiras. Segundo descrições, eram caracterizadas como três mulheres velhas e lúgubres, de natureza sinistra, que teciam a vida e o destino através de uma máquina de tecer chamada Roda da Fortuna. Elas foram quem criaram Nêmesis, a deusa da loucura, as Fúrias (já apresentadas anteriormente) e Têmis, a deusa das leis. 

Eram três: Cloto, Láquesis e Átropos.


Cloto era a responsável por tecer o fio da vida, ficava no início da Roda. Láquesis era responsável por sortear os maus fios e os bons fios, alternando na vida dos homens e deuses os seus momentos de sortes e infortúnios. E Átropos era responsável por cortar o fio da vida, assim que era chegada a hora. Ela age, portanto, junto a Thanatos!

AS KERES

As Keres eram irmãs de Thanatos e Hypnus por parte de mãe, Nyx, a Noite, mas não eram filhas de Érebo (a treva) e sim do Caos. Eram deusas primordiais responsáveis pelas mortes violentas, precoces e inevitáveis. Eram também temida pelos humanos e também eram representadas como mulheres aladas. Thanatos também era alado, Hypnus também. Mas, ao contrário destes, as Keres eram criaturas horríveis, deformadas, de caninos afiados e unhas como garras nas mãos. As Keres eram geralmente chamadas por Ares durante as guerras, pois faziam parte do percurso normal destas. As mortes por ódio, vingança, violência, guerra, doença, destruição eram designadas pelas Keres. 

Não se sabe exatamente quantas são, afinal, os jeitos de morrer de forma terrível são vários! Thanatos era mais atrelado à morte calma e natural, por ser irmão de Hypnus, deus do sono – com algumas exceções, como Sísifo, que devia ter sido uma morte precoce, mandada por Zeus. Cada Ker tinha o nome pelo tipo de morte que ela personificava. Portanto, havia a Destruição, a Doença, a Prematura dentre outras.


As Keres também foram faladas como personificações da morte de cada um. Assim como um Däemon, cada um tinha uma Ker, ou seja, era designado a morrer de uma forma, seja ela de forma violenta ou calma, através de doença ou de morte natural, na guerra ou numa discordância com o vizinho. Para não se deixar dúvidas - apesar de não ter a ver com o tópico - Däemon era um conceito grego para o que se podia ser o dom natural de cada um. Cada humano tinha um Däemon dentro de si, que designava qual seria o seu dom natural. Se cada um seguisse seu Daemon, seriam ótimos naquilo que exercessem. Daemon foi a palavra que deu orígem ao termo "demônio", usado também na religião católica. Mas este é assunto para outra parte.

REFERÊNCIAS:


  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de
  • Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.espiritualismo.hostmach.com.br >

MITOLOGIA GREGA - O SURGIMENTO DA HUMANIDADE:

Continuando o episódio sobre a criação do mundo, falaremos do papel dos titãs após a reorganização do mundo por parte dos deuses e, a partir daí, o surgimento da humanidade. Há três grande irmãos que devem ser ditados aqui: Prometeu, Epimeteu e Atlas. Vale aqui ressaltar a natureza dos titãs, para que ocorram menores confusões sobre o assunto. Os titãs normalmente são confundidos em termos de natureza e personalidade com Cronos. Muitos acreditam que titãs eram terríveis gigantes que comiam humanos, ou coisas distorcidas parecidas. Em primeiro lugar, ainda não havia humanos nessa época da história! Como poderiam então comê-los? Segundo lugar, os titãs eram gigantes, assim como os ciclopes e as outras criaturas filhas da Terra. Mas, os titãs, ao contrário dos outros filhos de Gaia possuíam natureza humana.

Portanto, alguns eram bons, alguns eram maus, a sua personalidade era individual e bastante divergente. Tem-se essa imagem distorcida dos titãs porque Cronos foi o mais famoso, por ter devorado seus filhos. Os outros nada têm a ver com isso, embora alguns tenham ficado a favor dele e outros contra, na Titanomaquia. Que fique claro também algo sobre Erebus. Ele não era um titã, era uma deidade ainda mais primitiva, filho do Caos, e foi apenas na Titanomaquia que Erebus ficou ao lado dos titãs assim como Nyx ficou ao lado dos deuses, junto a outros titãs que eram opostos a Cronos. Prometeu, Epimeteu e Atlas eram titãs irmãos. Como ficaram ao lado dos deuses, eles foram poupados e, assim que o mundo foi reorganizado sob as ordens de Zeus, esses titãs em liberdade tomaram seus lugares e suas funções, para ajudar ao equilíbrio do mundo.

Esse foi o caso de Prometeu e Epimeteu. Atlas, o outro irmão, foi condenado por Zeus, pois se opôs contra o deus dos deuses. O seu grande castigo foi carregar o mundo nas costas e o céu em seus ombros. Céu este que, após Urano morto, seria onde o Dia e a Noite sempre se cruzam, mas nunca ao mesmo tempo. Já Prometeu e Epimeteu têm sua história especial, diferente.

Claro que, após a Titanomaquia, os deuses gregos não conseguiram reinar com paz. Houveram várias tentativas, por parte de outras criaturas, de tomar o poder; como a história do grande Tífon conta, como a história de Hércules também, mas isso não nos vem ao caso agora. É importante agora saber que, depois que todos os monstros foram derrotados, estes todos – criaturas horríveis e adversas – foram enviados para o reino de Hades, aonde pertencem até os dias atuais. Hades criou-os como suas criaturas, seus servos, outros foram apenas impelidos ao castigo eterno. Assim, a terra ficou livre para que a humanidade brotasse.

A Terra, segundo os deuses, não era redonda – este conceito foi construído muitos mil anos depois – era plana, como um disco redondo que é dividido ao meio pelo mar Mediterrâneo e pelo mar Negro. Em sua volta, cobre o rio Oceano, este é um titã aliás. Do outro lado do Oceano, viviam os Simérios que, segundo os gregos, eram um povo que vivia em sombra eterna, tristes e melancólicos, sem nunca terem conhecido a luz do dia, e de natureza desconhecida aos gregos. Também viviam os Hiperbóreos, um povo oposto aos simérios, pois eram felizes e dançantes, não conheciam a morte, apenas a beleza e a eternidade. Além desses lugares, havia os campos Elíseos, onde os mortos bem aventurados ficavam, domínio de Hades aqui já retratado. Enfim, depois de toda a criação, faltava ainda a humanidade!




Prometeu significa “aquele que enxerga antes”, “premedição”, “aquele que prevê”. Epimeteu é aquele que enxerga depois. Eram de personalidades diferentes. A ele, por Zeus, foi incubida a missão de criar os animais e os humanos, dando dons a eles para que eles pudessem conviver na terra e sobreviver. A primeira geração de homens criadas pelos deuses foi a geração de ouro, uma raça de homens próspera, que eram felizes e unidos à natureza, respeitavam os deuses e não existia tristeza entre eles, apenas o amor e a vida. Essa comunidade era constituída apenas por homens, é importante citar que não existiam mulheres na época... No entanto foi destruída em várias lutas feitas pelos próprios deuses, que acabaram extinguindo os humanos. Foi criada então a geração de Prata. Epimeteu, que tinha o dever de dar os dons aos animais e aos humanos, foi impulsivo, como sempre, e presenteou os animais com todos os dons possíveis, não restando nada para os humanos. Os pássaros voavam, os peixes enxergavam e respiravam na água, os camaleões camuflavam, as cobras eram peçonhentas, os carnívoros tinham garras e presas... E os humanos? Como sempre, Epimeteu “viu depois” o que tinha feito e arrependeu-se, indo buscar ajuda ao seu irmão.

Essa geração de Prata dos humanos era frágil e primitiva, viviam em cavernas, comendo carne crua, caçando animais com lanças feitas de pedras e caminhavam curvados. Morriam no frio, pois eram pelados – não possuíam pelos para se aquecer – e eram fracos em músculo e devagar em agilidade perante outros carnívoros. Prometeu, pensando em como ajudar esses frágeis homens, roubou o fogo do Olimpo, acendendo uma tocha com este e trazendo esse fogo para os humanos. O seu plano deu certo, obviamente, Prometeu era o sábio, pensava antes de agir, via suas consequências antes de planejar. Mas, os homens reagiram ao contrário do que ele imaginava. Eles foram capazes de assar a carne e torna-la mais fácil de comer, foram capazes de açoitar predadores, de se aquecer no frio, de fazer roupas com as peles dos animais, foram capazes de iluminar a noite e enxergar nas cavernas onde moravam. No entanto, por terem esse domínio nas mãos, o domínio do fogo, os humanos passaram a desdenhar dos deuses.

Zeus, que se sentiu roubado pelo furto de Prometeu, roubou o fogo dos humanos e, engolidos pelas trevas e pela incapacidade, a geração de Prata pereceu. Então, foi-se criada a geração de bronze. Esses homens de bronze eram terríveis, intolerantes, raivosos, com um instinto destrutivo e para quem Prometeu roubou o fogo dos deuses pela segunda vez, entregando a eles, para que eles sobrevivessem. Com o fogo, os homens de bronze forjaram armas e escudos de bronze, fizeram roupas e arte mais aprimorada. Aos poucos, além de serem mesquinhos, violentos e destruitivos, passaram a desdenhar dos deuses. Afinal, para quê precisavam dos deuses, se eles conseguiam sustentar-se sozinho? Furioso, Zeus quis se vingar. Primeiro dos homens, depois de Prometeu. Sua vingança foi lenta e ele foi paciente. É neste momento da história que entra Pandora.


Pandora foi a primeira mulher da humanidade, criada por Zeus como “presente” aos homens. Ela foi esculpida por Hefesto, o deus forjador, fabricador de esculturas perfeitas para os deuses. Depois, cada deusa presente deu seu dom especial para Pandora: Afrodite deu a beleza, Atenas deu a sabedoria, Hera e Héstia deram a habilidade de cuidar do casamento, da família e dos filhos, Artemis deu o dom da caça e da comunicação com os animais, Têmis deu o dom da justiça, Deméter deu o dom da agricultura e assim por diante. Quando Pandora esteve perfeita, foi mandada à terra por Hermes, o mensageiro dos deuses. Prometeu, aquele que prevê tudo, viu quais eram as intenções de Zeus e preveniu a seu irmão Epimeteu sobre Pandora. Epimeteu, impulsivo como sempre, apaixonou-se pela
mulher e não deu ouvidos ao titã irmão. Casou-se com ela e teve uma filha, chamada Pirra. Prometeu, mais tarde, tem um filho chamado Deucalião. Pandora foi deixada na terra com uma ânfora em sua mão, a qual Prometeu lacrou antes que fosse aberta.

O titã fez Pandora prometer que nunca abriria aquela ânfora, pois era um presente de Zeus e não se devia confiar. Enquanto isso, a “mulher maravilha” da humanidade ajudava os homens de bronze a se tornarem menos ignorantes; ensinou-lhes sobre justiça, humanidade, agricultura, arte, aos poucos tornando a sociedade cada vez mais independente e próspera. Ela, no entanto, continuava esnobando os deuses, que não estavam nada felizes. Pandora, no entanto, tinha uma qualidade que poderia tornar-se defeito em pouco tempo: sua curiosidade e vontade de sempre saber mais. Quebrou sua promessa e assim, abriu a ânfora lacrada. De dentro dela, todos os males da humanidade saíram, como essências do mal, possuindo os corações dos homens que, mesmo com todos aqueles conhecimentos, continuavam frágeis e sucessíveis ao fracasso. Dessa forma, Pandora viu o mais honesto se tornar avarento, o mais piedoso se tornar o mestre das torturas e da intolerância. Quando a
humanidade estava se destruindo novamente, Zeus entrou em ação.

Prometeu, que tudo prevê, avisou ao seu filho Deucalião sobre a catástrofe e destruição total que viria. Deucalião, que havia casado com Pirra (sua prima) pediu ajuda à esposa e teve ajuda do titã seu pai para montar uma grande arca! Eles tentaram avisar aos humanos sobre a fúria do deus dos deuses, mas os homens soberbos não quiseram dar ouvidos. Então, os netos de Prometeu, filhos de Pirra e Deucalião pediram aos pássaros que avisassem aos outros animais. Em pouco tempo, um par de cada animal estava entrando na grande arca junto a eles. Logo depois, Zeus inundou todo o mundo, cobrindo até mesmo as montanhas altas, tudo. Pandora, assim como os outros mortais, pararam no reino de Hades, após o dilúvio. Os únicos que sobreviveram foram Pirra, Deucalião e seus filhos, junto aos animais e plantas que coletaram e protegeram dentro da grande arca. Após 10 dias e 10 noites, Deucalião percebeu que haviam atracado em uma terra. Era o alto do monte Parnaso. Lá, desceram da arca e libertaram os animais. Construíram um tempo para Zeus, feito de barro.

Deucalião e Pirra haviam sido criados por Prometeu e Pandora, portanto, eram virtuosos, de bons corações que veneravam os deuses e haviam criado assim seus filhos. Após criar o templo de Zeus naquela ilha deserta, eles clamaram a sua solidão, por serem os únicos de sua espécie. Zeus, comovido, mandou então Têmis deusa da justiça para dar-lhes um presente. Têmis disse que eles cobrissem seus olhos e lançassem por cima dos ombros os ossos de sua mãe. Após compreender que esta mãe era Gaia, a Terra, os filhos dos titãs jogaram pedras por cima dos ombros e dessas pedras, surgiram os demais homens e mulheres, gerando a idade da pedra, ou idade dos heróis. Neste tempo, vários heróis surgiram como Aquiles, Hércules, Perseu, Teseu etc. Depois que todos estes cumpriram sua honra e morreram como heróis, restou apenas o povo grego. O povo grego surgiu então, e seguia duas premissas para a sobrevivência: excelência e honra.

Prometeu teve seu castigo. Foi aprisionado no alto do monte Cáucaso, por onde passaria a eternidade sofrendo, sem poder comer, dormir ou viver. No entanto, seu castigo ainda piorou, quando Zeus descobriu através do Oráculo que um de seus filhos iria destrona-lo. Como sabia que Prometeu era o único que saberia quem seria a mãe desse garoto, mandou Hermes falar com Prometeu e interroga-lo. O titã no entanto negou-se a se submeter aos caprichos de Zeus através daquela violência e nada contou. Zeus condenou-o a permanecer no Cáucaso e mais, uma grande águia – a mesma que havia o arrastado para o alto do monte – comeria-lhe o fígado todo o dia. Este se regeneraria durante a noite, para ser devorado pela águia no dia seguinte, assim pela eternidade já que o titã era imortal. Quanto a Pandora, ela parou no Submundo após o dilúvio, cometendo suicídio aos 34 anos. Hades apiedou-se dela – como raras vezes tem feito em suas histórias – e transformou-a em uma deusa. Portanto, Pandora é a deusa da humanidade, das virtudes, que vive no Submundo junto a Hades, Persérfone dentre outros.


REFERÊNCIAS:

  • RODRIGUES S. A caixa de Pandora - Coleção Reconstruir. Belo Horizonte:
  • Formato Editorial, 2004.
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de
  • Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.espiritualismo.hostmach.com.br >

MITOLOGIA GREGA - TITANOMAQUIA

TITANOMAQUIA - A MORTE DOS TITÃS!


Continuando a história de Gaia e Urano, quando Urano foi castrado por seu filho Cronos, perdeu o poder de governar o mundo que tinha antes. Cronos libertou os outros titãs e passou a governar o mundo. Cronos – o tempo – casou-se com Réia, sua irmã, titã da Fertilidade. Enquanto isso, de tristeza, Urano morreu, deixando o céu para ser governado por Cronos e Réia. Juntos, eles tiveram os seis grandes deuses: Hera, Héstia, Deméter, Hades, Poseidon e Zeus. No entanto, Cronos recebeu os avisos de Moros (destino) através do Oráculo, sobre um de seus filhos ser destinado a destroná-lo e tomar o reino de si. Cronos, que havia tomado o lugar de Urano seu pai, temeu essa previsão e passou a devorar todos os filhos que tinha com Réia. Revoltada, Réia pediu ajuda a Gaia. Gaia revoltou-se com as atitudes do filho, que eram tão egoístas e semelhantes às atitudes de Cronos e ajudou Réia a esconder seu último filho, Zeus, numa caverna. No lugar de Zeus, Réia seu uma fralda cheia de pedras para Cronos comer.


Quando Zeus cresceu, armou um plano com sua mãe de dar a Cronos um caldo que fosse fazê-lo vomitar. Quando Cronos vomitou, os outros cinco deuses devorados saíram, também crescidos e se juntaram a Zeus para lutar contra seu pai. Nessa luta, alguns titãs ficaram ao lado de Cronos, Érebo também ficou, contrapondo Nyx, que estava a favor de Zeus. Mas, como contado anteriormente, os titãs perderam a Titanomaquia e os deuses reinaram. Aqueles que ficaram ao lado de Cronos foram aprisionados com este no Tártaro, que agora fazia parte do reino de Hades. Outros titãs, que ficaram ao lado de Zeus, como Prometeu, Epimeteu e Réia, permaneceram no mundo, obedecendo aos grandes deuses, dignificados.

Érebo é famoso por ter sido um dos filhos do Caos que se opuseram ao reinado de Zeus. Tanto ele, quanto Cronos foram condenados ao Tártaro. Nyx foi quem transformou Cronos em mortal, para que ele ficasse preso no mundo dos mortos, eternamente, no Tártaro, que seria a prisão dos deuses. Érebo foi afundado no rio Estige (outros dizem ter sido no Aqueronte). Mais tarde, os gregos negam essa versão da história e alegam Erebus ter sido preso no Submundo, como sendo uma parte dele. Como descrito em postagens anteriores, Érebo era a área do Submundo onde não havia nada além das trevas, solidão e silêncio eterno, personificado em florestas cheias de sombras e árvores secas.

Na Titanomaquia, quando Érebo fica ao lado dos titãs e Nyx ao lado de Zeus, ela castiga seu marido, transformando-o no rio de Hades, por onde Caronte desembarca as almas recém mortas. E, por falar em Caronte, algumas fontes relatam que o barqueiro também era filho de Nyx. Para que Nyx não se cansasse de cobrir o mundo, ela teve as filhas Hemera e as Hespérides. Hemera, junto com Hélio, era responsável por trazer o dia, junto a Éter, a luz celestial. As Hespérides traziam a tarde e Nyx só cobria o mundo depois delas, sendo a noite absoluta. Por fim, reinam os deuses, sendo Zeus o deus dos deuses, senhor do Olimpo, casando-se com Hera sua irmã. Eis o início do mundo que os gregos conheceram.


REFERÊNCIAS:

HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de
Janeiro: Ediouro, 2010.
Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.espiritualismo.hostmach.com.br >

MITOLOGIA GREGA - COSMOGONIA


Como falar da Morte sem falar da Vida? Afinal, o que havia antes da vida, não era a não-vida? E a não-vida seria a mesma coisa que a morte, ou não? Bem, esses conceitos do que é vida, não-vida e morte depende muito mais da religião ou mitologia referida. Ou, até mesmo, da negação da religião ou negação da mitologia. Cada ser humano, cultura ou povo, individualmente, enxergavam a morte, a vida e a não-vida de forma diferente. O gregos costumavam atribuir aos elementos da natureza e da essência humana uma forma sólida e nomes. O amor tinha nome: Eros. O tempo tinha nome: Cronos, assim como o destino Moros, a terra Gaia, a morte Thanatos, a vingança Nêmesis, a justiça Têmis. Para nossa civilização ocidental atual, justiça, morte, amor, tempo, são conceitos abstratos, ações, sentimentos, estados do espírito e do corpo, gerais, não-pessoais. Os gregos o tratavam de forma especial, como se todos esses conceitos fossem personificados em seres, que têm sentimentos e agem sobre o mundo. Thanatos é seduzido por Sísifo, Cronos teme seu reinado terminar e come seus filhos, e assim em diante.

Cosmogonia foi o nome dado para a teoria da orígem do mundo, criada pelos gregos antigos. Impele até mesmo a criação do Submundo, na Cosmogonia. Segundo os gregos, tudo antes do mundo era o Caos, que por sua vez, era a personificação do Caos, o deus mais velho de todos. As deidades gregas são divididas em gerações, como famílias, mas aparentemente (ou seria uma impressão minha) a idade desses seres não influenciavam nos seus poderes - os mais velhos não eram mais fortes ou mais fracos dependendo de sua idade. O mundo era uma mistura de seus elementos principais. Fogo, terra, ar, água, tudo vivia em desordem, sem uma separação, um sentido, uma lógica. Era um vazio imenso e desorganizado.

Os filhos de Caos nasceram de separações, surgiram do próprio Caos, são parte deles que se transformaram em deidades diferentes. Uma delas é Nyx, a Noite. Érebo é a Treva, a Noite do Submundo. Deles, também vieram através dessas separações assexuadas seus outros filhos, muito embora hajam afirmações que Hypnus e Thanatos são filhos da união de Nyx e Érebo. Essa união sexual só foi possível acontecer após o surgimento de Eros. Como dito anteriormente, Eros surgiu do Caos, mas não é nenhum de seus filhos e sim seu irmão. Não se sabe direito do nascimento de Eros, de onde ele veio ou como ele veio, sabe-se apenas ter nascido de um grande ovo cósmico – e sabe-se lá como esse ovo apareceu!


Eros, ao contrário do Caos, é a vida gerada através da união de seres de sexo oposto. O que faz muitas pessoas confundirem Eros com o deus do sexo ou do amor. Eros é O Amor, ou seja, a vida gerada através da união de dois seres. Apenas depois de Eros, Nyx e Érebo puderam se unir e gerar Thanatos e Hypnus. Em outras palavras, só após o surgimento da vida, ou da gestação, pôde ocorrer o surgimento da morte. O que nos remete à pergunta do parágrafo primeiro: a não-vida é a mesma coisa que a morte? Parece-me (e talvez isso seja só um equívoco pessoal) que para os gregos, a não-vida é a atividade antes da vida, e a morte é a não-atividade da vida. Quero dizer, como você poderá morrer, se você não viveu?

Só se morre o que já se foi vivo. Se nunca viveu, não se é morto, é apenas não-vivo. Logo, a Morte só nasceu depois do surgimento da Vida no mundo. Eros possui um irmão, Anteros. Vale ressaltar que neste período, Eros não é filho de Afrodite, ele não se personificou como um deus ainda, ele é uma deidade, uma essência, é a vida, sem forma, sem sexo, apenas uma energia, uma natureza. Anteros serve como antágono e equilibrador das ações de Eros. Como Eros é responsável pela fusão dos elementos do mundo, para a geração de novos elementos vivos, Antero é a respulsa entre os elementos do mundo, para que essa fusão provocada por Eros não se torne confusa demais ou prejudicial. Como um ímã, que possui dois lados – um que se atrai e outro que se afasta – ou então Eros correria grande risco de se conventer em Caos, onde tudo está misturado e é um grande vazio explosivo e desorganizado.

OS DEUSES PRIMORDIAIS DA COSMOGONIA GREGA:

Passada essa fase do surgimento de Eros, sabemos que o mundo foi se organizando, não mais regido pelo Caos, gerando as grandes deidades. De Nyx, assexuadamente através de um ovo cósmico (olha o ovo novamente), vieram as Moiras, citadas numa das postagens anteriores, Éris (a discórdia), Nêmesis (vingança, ou justiça violenta), as Keres (as mortes precoces), Éter (luz celestial) e Hemera, o dia, dentre outras deidades. Nyx basicamente foi a deusa mãe de todas as outras entidades. Quando os titãs tentaram assassinar Hélio (o sol), Nyx o adotou como filho. Com Erebus, Nyx teve os gêmeos Thanatos e Hypnus. Outras fontes afirmam que Thanatos e Hypnus eram só filhos de Nyx e os filhos que ela teve com Erebus foram Ether e Hemera. Nyx era irmã de Érebo, de Tártaro e de Gaia. Ela é descrita como uma deidade feminina que percorre o céu com seu manto negro, em cima de um treinó guiado por cavalos negros e acompanhada pelas Keres. Esse manto negro a mantém invisível, permite que ela observe a tudo e todos sem ser vista, também é em seu manto onde as estrelas estão grudadas. É temida tanto pelos mortais, quanto pelos deuses gregos. Mas, o conto da Cosmogonia grega estaria debilitado se falássemos de Nyx e apenas por alto de seus acompanhantes. Vamos citá-los, um por um.


EREBUS: Enquanto Nyx é a noite superficial, a noite celeste, Érebo representa a Treva, a noite do Submundo, no interior de Gaia. Seus domínios eram áreas do mundo onde só existia o vácuo, a escuridão e a ausência de vida, a não-vida, portanto, também não havia morte. Era filho do Caos, irmão de Nyx, Gaia dentre outras deidades. Com Nyx, teve os gêmeos Thanatos e Hypnus, mas estes só surgiram após o nascimento de Eros, de um grande Ovo cósmico.

GAIA: Gaia é a Terra, literalmente, por sobre estão todos os seres vivos, todos sendo filhos dela. Ela desposou Urano (o céu) e/ou Ponto (a água), de onde seus filhos nasceram: deuses, titãs etc. Ela é uma das deidades nascidas do Caos, ou seja, irmã de Nyx. Com Tártaro (as profundezas) teve seus filhos monstros e desvirtuosos, seres que depois foram respousar no Submundo. Em Suma, Gaia é a mãe de todos os seres. Conta a Cosmogonia que Gaia teve 12 titãs, além de gigantes e Ciclopes e outros seres com Urano.

URANO: Urano era a deidade que reinava o mundo, era o líder maior, era o Céu. Ele era filho de Gaia com Ether (sendo este Ether a luz celestial filho de Nyx). Alguns contos dizem Gaia ter tido Urano com Ether para poder desposar alguém de mesma força e essência que ela. Ela tem o filho e casa-se com ele. Como dito antes, eles têm juntos vários deuses primordiais poderosos, gigantes, ciclopes dentre outras criaturas. Ao engravidar Gaia dos 12 filhos mais novos, os titãs, Urano temeu o grande poder que esses seus filhos tinham e aprisionou todos em montes e cavernas. Ela, mesmo assim, teve seus filhos, os doze Titãs ou deuses primordiais, entre eles Cronos e Réia. Ela forjou uma arma branca para que Cronos atacasse seu pai, quando Urano viesse desposar Gaia mais uma vez. Retornamos então para a história da postagem anterior. Quando Urano aproximou-se de Gaia, Cronos o castrou, separando o céu da terra e seu testículo caiu na água (Ponto). Algumas gotas de sangue fecundaram a terra e da terra fecundada nasceram as Erínias (Fúrias).


REFERÊNCIAS:

  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro:
  • Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.espiritualismo.hostmach.com.br>

sexta-feira, 10 de julho de 2015

MITOLOGIA GREGA - CRIATURAS DO SUBMUNDO:

3. CRIATURAS DO MUNDO DOS MORTOS:

Dito de passagem, os heróis eram destinados à vida eterna nos Campos Elíseos: os criminosos eram destinados ao castigo eterno no Tártaro: as demais almas ficavam no Érebo, compunham o rio Estige e bebiam da água do rio Lethes, quando chegada a hora, para poder voltarem à terra em outro corpo mortal.

3.1. Caronte:


Como dito anteriormente, Caronte era o barqueiro de Hades, responsável por levar as almas dos recém-mortos ao Submundo, através do Rio Estige. Ele era passível de suborno se o morto trouxesse consigo moedas de outro, para ser levado aos Campos Elíseos. Caronte foi proibido de levar vivos em sua viajem, tal desobediência seria passível de uma punição severa por parte de Hades. Mas, como dito antes, Caronte é facilmente subornado por algumas moedas de ouro.

3.2. Cerberus:


Cerberus era a grande criatura mitológica, que se assemelha a um grande cão, possuidor de três cabeças. Ele é o porteiro de Hades, responsável por não deixar nenhum intruso entrar em seu reino sem permissão, como vivos, deuses ou semi-deuses. Cerberus guarda a outra ponta do Rio Estige. Um dos poucos heróis que conseguiram passar por Cerberus foi Perseu. Para os recém-chegado ao Submundo, Cerberus é gentil e dócil. Para os que tentam fugir, ele mostra sua verdadeira força.

3.3. Fúrias:


Fúrias foi um nome dado pelos romanos, após absolver a cultura grega, mas os gregos costumavam chamar essas três criaturas do Submundo do Erínias. Elas viviam nas partes mais profundas do Submundo, ou seja, o Tártaro, e sua responsabilidade era atormentar e castigar os criminosos, os que foram destinados ao eterno sofrimento. Elas nasceram do sangue que gotejou em Gaia quando Urano foi castrado por Cronos, mas também há variações que afirmam serem filhas de Nyx. Assim como Nêmesis era responsável por castigar os deuses, as Fúrias eram responsáveis por castigar os mortais,
principalmente em seus crimes mais sangrentos. Elas eram espécie de “voz do arrependimento”, forças da natureza que passavam toda a vida do sujeito reclamando seus crimes e só se davam por satisfeitas quando este morria. Ao ir para o Tártaro, teria de ser atormentado eternamente pelo rancor e castigo interminável (literalmente). Eram tão temidas que os homens usavam de eufemismos para não dizer os nomes literais. Eram três, como dito antes: Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável).

Tisífone, o castigo, é responsável pelos crimes de assassinato, de todos os gêneros. Para punir o transgressor, ela o açoita até enlouquecê-lo.

Megera, o rancor, tem o dever de atormentar aqueles que cometeram delitos contra o matrimônio, como traições, mentiras, sendo ela a personificação do ciúme. Descreve-se também que ela atormenta o criminoso gritando em seus ouvidos constantemente, lembrando-o de seus erros, suas traições.

Alecto, a implacável, tem o dever de atormentar aqueles que cometeram delitos morais, como orgulho, soberba, ira, inveja, etc. Ela quem espalha pestes e moléstias, também é ela quem atormenta o criminoso por toda a vida, não deixando-o dormir.

3.4. Os Juízes:


Os Juízes do Submundo também eram três: Radamanto, Eaco e Minos. Eram responsáveis pelo julgamento das almas, eram eles que diziam qual seria o destino destas e, neste julgamento, nem mesmo Hades interferia. Ambos os três eram filhos de Zeus, nenhum porém com a pobre Hera.

Radamanto era o julgador dos asiáticos e dos africanos, era o mais severo de todos os três e irmão de Minos, tanto por parte de pai quanto por parte de mãe – Europa.

Éaco era filho de Zeus com Egina, avô de Aquiles e pai de Peleu. Ele julgava os europeus.

Minos, por fim, era quem desempatava a decisão, caso houvesse algum empate. Ele era filho de Zeus com Europa assim como Radamanto.

REFERÊNCIAS:

  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

MITOLOGIA GREGA - O REINO DOS MORTOS:

2. O SUBMUNDO GREGO:

Infelizmente, as mitologias são muito mais extensas do que eu seria capaz de publicar e todas contém várias versões sobre o mesmo assunto, o que torna a sua fidelidade bastante diluida. Contentem-se aqui com um gosto rápido, saboreiem o prato verdadeiro através de um petisco. Antes de mais nada, quero deixar claro o grande equívoco que ocorreu, na cultura popular, ao comparar o Submundo grego com o conceito de Inferno católico. Claro, que esta não é a hora apropriada para dizer-lhes sobre o Inferno. Mas, é a hora para dizer-lhes sobre o Submundo e sua dinâmica. O Submundo não é o Inferno, tampouco Hades – senhor do Submundo – pode ser tratado como senhor Infernal. Em grego, Submundo é Ypokosmos, “o que está abaixo do mundo”. O Submundo nada mais é do que uma espécie de segundo plano, para onde as almas dos mortos vão passar sua eternidade, ou, se possível, preparar-se para uma nova vida. O mundo dos mortos também pode ser chamado de Hades, que é o nome do senhor deste mundo.

Acredita-se que o Submundo seja dividido em três áreas, cujos destinos das almas depende de seu comportamento na terra, depende da honra.

2.1. Os Campos Elíseos:


Para as almas boas, guerreiras, justas e sábias, há um local no Submundo chamado Campos Elíseos – também era uma região conhecida dos gregos, mas, que não faziam parte de sua Pólis. A geografia grega sempre teve um terreno árido e seco, de temperatura morna. Ao se descobrir os Campos Elíseos, além de suas fronteiras, eles imaginaram ali uma espécie de Paraíso, onde as almas mortas iam, se assim mereciam. É descrito como um local fértil, de árvores e frutos, bucólico, de paz e alegria eterna. Havia outra forma também de entrar nos campos Elíseos: manipulando o barqueiro Caronte. Alguns gregos, em seus ritos funerais, colocavam moedas de outro nos olhos do cadáver, acreditando que essas moedas poderiam subornar o barqueiro de Hades e permitir que aquele sujeito fosse para os campos Elíseos, ter uma vida eterna de paz.

2.2. O Tártaro:


Para as almas desonrosas, que desagradaram aos deuses ao longo da vida, resta-lhes o Tártaro. Este sim, pode ser considerado um suposto inferno, dentro do Submundo. Cronos, pai Titã do próprio Hades foi jogado ali, depois de esquartejado, para não mais poder voltar a governar. O Tártaro é um local de punição às almas que assim merecem. Tártaro também era um dos deuses primordiais, nascido do Caos. Gaia era a titã, personificação da terra; Urano era a personificação do ar, Tártaro era a personificação dos cantos mais profundos e inabitáveis da terra. Ele representava os cantos mais terríveis do reino de Hades, cantos cavernosos, mergulhados nas trevas, onde os inimigos dos deuses e os criminosos eram mandados. Em suma, o Tártaro é uma energia primordial, mas também é o local onde se encontram aprisionados os Titãs e também o local de castigo eterno para os mortais desvirtuosos. No Tártaro, também havia o rio Flagetonte, rio de fogo, cujas chamas eram nocivas e cercavam o lugar, impedindo que os atormentados fugissem.

2.3. O Érebo:


Fora esses dois lugares, para as demais almas, restava o campo, onde estaria o rio Estige, ou rio Stix. Segundo relatos gregos, o rio Stix era feito de almas dos mortos e era o caminho para as terras de Hades. Era através dele que Caronte, o barqueiro, levava as almas dos recém-chegados. Outro rio importante para a mitologia da vida e morte grega, era o rio Lethes. Como o próprio nome significa “esquecimento”, o rio Lethes era o rio do esquecimento, do qual as almas destinadas a reencarnar bebiam. Elas deviam beber de suas águas para esquecerem-se das vidas passadas e poder nascer novamente, em outro corpo. É nesta região onde as demais almas mortais permanecem. Não heróis virtuosos, mas também não vilões, esse local é também chamado de Érebo (trevas) onde reina o silêncio e a solidão, florestas vazias e escuras, sombreadas. Há versões que contam que o rio Lethes pertence aos Campos Elíseos, o que torna sua localização um tanto quanto confusa.

Dito de passagem, os heróis eram destinados à vida eterna nos Campos Elíseos: os criminosos eram destinados ao castigo eterno no Tártaro: as demais almas ficavam no Érebo, compunham o rio Estige e bebiam da água do rio Lethes, quando chegada a hora, para poder voltarem à terra em outro corpo mortal.

REFERÊNCIAS:

  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

MITOLOGIA GREGA - PESÉRFONE:



1. OS DEUSES GREGOS DO MUNDO DOS MORTOS:

1.3. Pesérfone:

Conta a história – e, mais uma vez, cheia de versões, cuja algumas informações permanecem em comum – Deméter e Zeus tiveram uma filha, chamada Koré (jovem moça). Era uma deusa menor, que vez ou outra ajudava sua mãe com seu dever sobre a fertilidade do solo, da plantação e do gado. Era uma pequena deusa muito bonita, de modo que vários deuses e humanos a cortejaram, dentre eles Hefestos, Hermes e Apolo. Incomodada com a situação, Deméter escondeu sua filha dos deuses, deixando-a fora do Olimpo, a vagar na Terra com as ninfas e algumas deusas. Isso não a protegeu, exatamente. Certo dia, Hades o senhor do Submundo viu-a e se apaixonou. Imediatamente, foi pedir a
mão de Koré para seu irmão Zeus. Sem sequer consultar Deméter, Zeus negou o pedido do irmão, possesso de ciúmes. Hades voltou para seu reino, então, enfurecido.

Lá no Submundo, Hades armou um plano de raptá-la. Certo dia, quando Koré estava colhendo flores com outras ninfas, um buraco se abriu na terra, vindo do Submundo, e de dentro dele saiu Hades. Ele transformou as duas ninfas presentes em rios correntes do lugar, pegou Koré nos braços e a levou para o reino dos mortos, para desposá-la. No reino de Hades, Koré negava se casar com o grande Deus, mas este também negava devolver a garota. Deméter, ao saber do rapto da filha, pôs-se em desespero e culpou Gaia (a terra) por ter deixado emergir aquele Deus infernal para raptar sua filha. Por este tempo, ela deixou de exercer seu dever com os homens: os arados quebraram, a terra se tornou infértil e nada crescia nelas. Preocupado com toda a situação, Zeus procurou Hades e ordenou que o irmão devolvesse sua filha. Hades, no entanto, não foi convencido. Ele não estava nem um pouco disposto a devolver a sua futura esposa.
Foi-se feito então um acordo entre Zeus e Hades, de que Koré passaria um período no Érebo, sem poder comer nada. Se ela obedecesse as regras do jogo, Hades a devolveria para seus pais. Mas, se Koré quebrasse as regras do acordo, ela teria de ficar no Submundo com Hades, pois todos aqueles que se alimentam de frutos do Érebo devem permanecer lá. Com o trato feito, os pais da jovem Koré só podiam esperar. Enquanto isso, Deméter tem uma outra filha, dessa vez de seu irmão Poseidon. Mas, ela abandona a menina e não dá sequer nome para ela, de tão preocupada com sua primeira filha. Essa pequena deusa, mais tarde, se tornaria Despina, a deusa das eras glaciais, das sombras, que inveja Persérfone por ser a preferida da mãe. Mas, diga-se de passagem, Despina não importa nem mesmo para nós agora.

Koré então quebra o acordo. No último dia do trato, ela come uma só semente de uma romã do Érebo e é condenada a permanecer lá para sempre. Hades, no mesmo dia, estupra-a, de modo a consumar a relação dos dois. Koré, com o tempo, acaba se apaixonando por Hade (alguns dizem ser um feitiço, não uma paixão verdadeira) s e decide que seria esposa dele, por própria vontade. Mas, esta decisão da menina não ajudava com a situação da terra, que estava em seca total, humanos morrendo de fome, por conta da depressão de Deméter. Koré faz então um acordo com Hades e com Deméter, e ambos concordam com este.


("O Retorno de Persérfone" de Frederic Leighton, 1891)

Por um período do ano, ela passará o tempo com sua mãe, para que a grande deusa não tenha mais saudade da filha. E por outro período do ano, passaria ao lado de Hades, seu marido. Desde então, o ano para os humanos passou a ter estações. Quando Persérfone voltava a ser Koré, ao lado de sua mãe, a primavera chegava, varrendo o inverno, e os frutos e cereais perdurava m até o verão. Quando Koré voltava a ser Persérfone, ao lado de Hades, as plantações sofriam uma grande seca, o outono, que gradativamente piorava à medida em que Deméter sentia a falta da filha, perdurando até o inverno, que era afastado quando Persérfone retornava como Koré.

Persérfone, portanto, é a deusa do Submundo, rainha de Hades. Descrita por ser rival de Afrodite na beleza, ela tem cabelos negros e longos, e pele alva. Ela teve uma filha com ele, chamada Macária, a deusa da boa morte. É responsável pelas estações do ano, segundo a história contada acima. Como Hades, ela é temida por todos os mortais, mas também é uma deusa de beleza avassaladora, tornando-se até mesmo rival de Afrodite, tamanha sua capacidade de sedução. Além de Macária, Persérfone teve mais outros dois filhos, no entanto, com Zeus.

Como dito no post anterior, Melinoe, a filha que teve quando Zeus a enganou e Sabázio, o filho que teve quando Zeus transformou-se numa serpente e a estuprou. Persérfone significa “aquela que destrói a luz”, assim como Koré significa “moça jovem (virgem)”. Ela era geralmente amigável com os mortais e os heróis, sempre ajudava Hades em suas decisões, tornando-as mais passivas e menos severas com aqueles que ela se agradava. Mesmo assim, pelo temor que os mortais tinham dela, costumavam chamá-la de Hera Infernal, um de seus milhares de apelidos.

REFERÊNCIAS:
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br >

MITOLOGIA GREGA - HADES:

1. OS DEUSES GREGOS DO SUBMUNDO:

2.2. Hades:


(Escultura de Hades raptando Coré)

Cronos (o titã do tempo) recebeu a profecia do Oráculo de que, um dia, um filho seu iria tomar o lugar de seu trono. Cheio de si, orgulhoso de seu trabalho e temendo que isto acontecesse, o grande titã passou a devorar seus filhos, para que nenhum deles restasse. Ele devorou, no total, 5. O sexto filho foi poupado por sua mulher, Réia, rainha dos titãs. Esse sexto filho poupado foi Zeus. Réia, temendo que ele fosse devorado como os outros por seu marido, deu a ele um pano cheio de pedras no lugar de Zeus, enganando a Cronos. Dessa forma, Zeus cresceu e planejou com sua mãe uma bebida que Cronos beberia, para vomitar seus 5 irmãos devorados. O titã não desconfiou das artimanhas da mulher e vomitou a todos, sendo eles: Hera, Deméter, Héstia, Hades e Poseidon. Os três homens juntos, Hades, Poseidon e Zeus lutaram contra seu pai. Obviamente, eles tiveram ajuda de outros titãs, que eram inimigos de Cronos e apoiavam Zeus. A Zeus, esses titãs deram seus raios. A Poseidon, o seu tridente e a Hades, o seu elmo da escuridão, que o tornava invisível.

Na luta marcada, Poseidon distraía Cronos com seu tridente enquanto Hades, invisível com o seu elmo, dava-lhe golpes e, no final, Zeus o finalizou com seus raios. Esquartejaram Cronos e o aprisionaram no Tártaro. Outros titãs, amigos de Cronos, indignados com a sua morte, juntaram-se também à causa e guerrearam com os 6 novos deuses, da segunda geração. Essa batalha épica foi chamada de Titanomaquia pelos gregos, foi quando os titãs que apoiaram Cronos foram aprisionados no Tártaro junto com ele e os titãs que apoiavam o Olimpo juntaram-se aos novos deuses. Nessa guerra, o mundo foi dividido entre os novos três poderosos. Zeus tornou-se dono da terra e do céu, tornando-se também deus dos deuses, por ter salvo seus irmãos. Poseidon tornou-se deus dos mares e rios, onde reinam as criaturas marinhas. E por último, Hades, tornou-se deus do Submundo, onde os mortos moram.

Hades é, portanto, o Senhor do Submundo e é o mais velho dos irmãos homens, sendo Hera a mais velha de todos eles e das mulheres. Também é reconhecido pelos eufemismos O Invisível, O Rico, O Impiedoso e O Hospedeiro. Para os romanos, Hades passou a se chamar Plutão. Ele tem uma personalidade ríspida, é insensível às lamúrias dos vivos e dos mortos. Frio, distante, ele era temido pelos gregos e romanos, que recusavam a dizer-lhe o nome certo. Ele era O Invisível devido ao seu elmo da escuridão. Ele era O Rico, porque além de ser o deus dos mortos, ele era o deus das riquezas minerais, das jóias subterrâneas, pertencentes, obviamente, ao seu mundo. Ele era O Hospedeiro, porque em seu reino todas as almas são bem-vindas quando morrem, é para lá que elas vão após suas vidas e é de lá que elas partem para uma nova vida, depois de beberem do rio Lethes. No reino de Hades, deus algum pode entrar sem permissão, assim como ele também foi proibido de entrar no Olimpo ou nos domínios marinhos de Poseidon sem antes ter o consentimento dos irmãos.

Mais tarde, Hades casa-se com Persérfone. É interessante que contemos essa história mais tarde, quando formos falar de Persérfone. Persérfone é filha de Deméter e Zeus, irmãos de Hades, e torna-se a rainha do Submundo junto a ele. Hades é o deus grego mais fiel ao seu casamento. Diga-se de passagem, traiu Persérfone apenas duas vezes – para um deus grego, isso é mais do que um recatado, lembrem-se de Zeus em comparação! – e essas duas vezes foram com a Ninfa Minta, por quem ele se apaixonou, e uma das filhas de Oceanus (o titã dos oceanos). Quando descoberta a sua relação extra-conjulgal com Minta, a própria sogra, Deméter, fez questão de transformar a pobre ninfa numa espécie de planta, mas que até hoje é bastante consumida, possui um gosto refrescante e um perfume peculiar: a menta (ou hortelã). Quanto à pobre oceânida, restou-lhe ser transformada em um tipo de flor, chamada álamo prateado, ou álamo branco.

Quanto à paternidade, Hades se torna bastante confuso diante da mitologia. Sua única filha – que se pode comprovar ser sua filha – é Macária, a deusa da boa morte. Ainda assim, há dúvidas se ela é filha ou não de Persérfone com esse deus. Alguns outros relatos afirmam que Zagreu e as Erínias (Fúrias) foram filhos de Hades. Em contrapartida, o que mais se ouve é que Zagreu era Dionísio (deus da festança) disfarçado e que as Fúrias nasceram do sangue que gotejou de Urano, quando Cronos o castrou – sendo assim, elas seriam anteriores a Hades. Todavia, houve um relato interessante sobre uma suposta filha de Persérfone, Melinoe. Melinoe é a deusa dos fantasmas e das cerimônias fúnebres. Pela sua mania de passear pela noite, ela é o motivo dos cachorros latirem sem uma razão aparente para seus donos. Ela seria filha de Persérfone e Zeus, estando Zeus disfarçado de Hades, de modo a enganá-la. Acreditando estar com o marido, Persérfone engravidou de Zeus, crendo estar grávida de Hades.

REFERÊNCIAS:
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

MITOLOGIA GREGA - THANATOS



Nos inícios de todo o tempo, o mundo era caótico, obscuro e vazio. Era silencioso e infinito, e indefinido, tudo e nada ao mesmo tempo. Existiam apenas entidades primitivas que interagiam entre si, naquele caos. Havia Nyx, a Noite Eterna e havia Érebo, a Treva profunda onde a Morte habita. De Nyx e Érebro, nasceu Thanatos, a Morte. Logo depois, de um grande ovo (e até hoje é um mistério por detrás do surgimento deste ovo), fruto do caos, nasce o amor, Eros. Essas foram as primeiras entidades do mundo. Elas foram criadas do caos. Desde o nascimento de Eros, então, formou-se a luz e, em consequência, o dia radiante em contraste com a noite (Nyx). Os elementos da terra se dividiram e se organizaram, definindo o que era mar, o que era terra e o que era ar. Assim, nasceu o mundo que os gregos conheciam. Essa parte da história chama-se Cosmogonia. Desta Terra recém-formada, nascem os primeiros deuses, os chamados deuses primitivos ou Titãs. Dos titãs, nascem os deuses gregos, cuja maioria vive no Olimpo.

Não é tão importante dizer agora como os três filhos de Cronos - Zeus, Poseidon e Hades - derrotaram o titã Pai e esquartejaram-no, aprisionando-o no Tártaro. O que é importante ressaltar é que, como por exemplo, Afrodite, deusa do amor, teve um filho chamado Eros. Sabemos agora que Eros era uma entidade antiga, que surgiu do caos, há muito antes de Afrodite nascer. Mas, naquele momento, foi como se Eros tivesse se personificado no filho de Afrodite, numa figura de deus grego, numa forma quase humana. Dizemos então que, Eros é a personificação do amor. Tão igual quanto, Thanatos é a personificação da Morte.

1. OS DEUSES GREGOS DO MUNDO DOS MORTOS:

1.1. Thanatos:


("Angel of Death" de Evelyn de Morgan, 1881)

Thanatos é filho de Nyx, a deusa primordial da noite, com Érebro, o deus primordial da noite do Submundo (Ypokosmos). Ele é irmão gêmeo de Hypnos, o deus do sono e tio de Morpheus, o deus dos sonhos. Thanatos é descrito, muitas vezes, como um jovem de cabelos e olhos prateados. Ele tem o coração de ferro e as entranhas de bronze. Thanatos também é descrito como uma névoa prateada que cobre os homens, na hora de buscá-los. Para os gregos antigos, Thanatos é inevitável. Quando chega a hora do homem morrer, não adianta fugir, pois de um jeito ou de outro, a morte virá para buscá-lo. Thanatos, é o deus da morte, diferente de Hades que é o senhor do Submundo, deus dos mortos. Hades comanda o submundo, é o dono do reino dos mortos (que também é chamado de Hades, o próprio reino) e Thanatos é quem designa os homens a ir de encontro com este senhor.

Para ilustrar a presença física e metafórica de Thanatos, devo contar a lenda de Sísifo, o rei mais esperto dos mortais. Certa vez, Zeus transformou-se em águia para raptar a filha de Asofo, passando a voar pelas terrar de Sísifo. Quando Asofo perguntou-lhe se havia visto sua filha, o rei disse-lhe da história da águia, dedurando Zeus. Furioso, Zeus mandou Thanatos para buscá-lo. Chegando na casa do esperto homem, a Morte estava prestes a pegá-lo quando começou a ouvir cargas de elogios do rei, ficando lisonjeado com sua gentileza. O rei então ofereceu a Thanatos para pôr um colar em seu pescoço, em forma de presente, gracejo. Quando menos percebeu, distraído pelas gentilezas do rei, Thanatos foi pego por Sísifo, pois o colar não era um presente, era uma coleira. Thanatos, então, ficou acorrentado e aprisionado pelo rei astuto por um bom tempo. Com a Morte impedida, grego nenhum perecia na Terra, o que começou a prejudicar a dinâmica do Submundo, enraivecendo Hades. Também deixou Ares, deus da guerra, furioso, pois Ares precisava de mortes para consumar suas guerras. Sem Thanatos, as guerras tornavam-se intermináveis, pois guerreiro algum morria nas batalhas!

Furioso, o próprio Hades fez questão de libertar Thanatos, pessoalmente, e ordenou que ele trouxesse Sísifo direto para o Submundo, sem delongas. Mas, após morto, já no Ypokosmos, o rei esperto reclamou sobre o desrespeito de sua mulher que sequer o enterrou, na hora de sua morte, e pediu para que seu prazo fosse prolongado, para que ele fosse à terra se vingar da esposa ingrata. Hades aceitou o prazo e Thanatos deixou-o voltar. Esperto, Sísifo fugiu com sua esposa e nunca mais foi visto. Enganou a Morte pela segunda vez. Morreu de velhice, claro, como todos os homens mortais. Pela terceira vez, encontrou-se com a Morte e com Hades e ambos mal podiam esperar para dar-lhe a lição. Afinal, a Morte é inevitável! Ao chegar no Submundo, Hades o castigou, por ter sido rebelde e astuto, dando-lhe o fardo de ter de empurrar uma pedra esférica por um morro acima, por toda a eternidade. Toda a vez que Sísifo chegava perto do topo do morro, a pedra era empurrada por uma "força" e rolava ladeira abaixo até o ponto inicial, forçando o rei morto a empurrá-la de novo pelo morro, assim por toda a eternidade.


("Sísifo" de Tiziano, 1549)

Thanatos vive nos Campos Elíseos com seu irmão Hypnos. Em muitas gravuras, foi representado vestido com uma capa de capuz e também possuindo grandes asas, que evidenciam a velocidade com que ele chega aos humanos. O símbolo da foice em Thanatos significa que os humanos são colhidos de sua terra em massa (não de um em um) como plantações arrancadas por uma foice.


("Hypnus e Thanatos" de John William Waterhouse, 1874)

REFERÊNCIAS:
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: < http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/mitologia_greco_romana_6.htm >

INTRODUÇÃO

As pessoas podem mudar ao longo dos milênios, mas algumas perguntas sempre permanecem.

De onde viemos? Como tudo isso surgiu? Por que morremos? O que acontece depois da nossa morte? Para onde vamos? O que a morte significa? E o que a vida significa?!

Por muito tempo, vozes cantaram históricas e músicas sobre esse tema. Muita gente diz que é sempre necessário indagar sobre o significado da nossa vida. Mas, poucas delas perceberam que, só se pode compreender o sentido da vida, após compreender o sentido da morte.

O problema é que, hoje em dia, ninguém quer mais cantar sobre o assunto por aí! As pessoas se calaram, elas tentam ignorar a morte dos outros e a própria morte.

Produtos de beleza que prometem a juventude eterna
Cirurgias milagrosas que podem curar qualquer doença
Remédios que prometem lhe repôr tudo que vem perdendo com a idade

Pobre morte que hoje em dia é rejeitada. Ninguém quer engolí-la. E quando ela aparece, é ridicularizada, ou debochada.

Programas sensacionalistas que mostram, sem pudor ou respeito, os "presuntos" na rua

Onde está o medo e a reverência diante da morte? E ao luto? Se fizermos um estudo ao longo de décadas, vamos descobrir um dos motivos pelos quais as portas das casas antigas eram mais largas e altas: os enterros eram feitos em casa, os parentes cuidavam do ente falecido, participavam de um ritual de despedida, e acompanhavam o caixão até o cemitério em uma marcha fúnebre, num processo de deixar, aos poucos, a dor da perda ser substituída pela saudade.

Hoje em dia, não há espaço para a morte em qualquer lugar. Quem cuida do corpo do morto são os agentes funerários, e após a sua morte no hospital, o corpo é escondido rapidamente para que ninguém o veja, levado por um carro negro, e a família em luto só terá contato novamente com o ente querido já no cemitério, pronto para ser enterrado, sujeitos a apenas uma rápida cerimônia onde todos tentam se distrair, conter as lágrimas e não vivenciar aquela sensação vazia a todo custo.

Mas, o que a sociedade ainda não percebeu, e que venho trazer aqui, leitor, é uma verdade dolorida: a morte não pode ser ignorada, ela chega, sempre, de qualquer jeito, não importa o quanto fujamos e debochamos dela! Podemos ridicularizá-la em programas de tevê, e desafiá-la com nossos produtos químicos, remédios e medicina.

Mas, ao encarar a face da morte frente a frente - seja com a perda de alguém que amamos, com a perda do emprego, de um membro de nosso corpo, de um relacionamento amoroso, ou até mesmo com a eminência de que nossa morte está se aproximamos - nós percebemos o quão áustera, imbatível, poderosa e aterradora ela é. E o arrependimento nos bate, devíamos ter tido mais respeito com ela.

Por afinal, é tendo respeito pela morte, que temos respeito pela vida. Sabemos aproveitar mais nosso tempo, quando paramos de encarar o fim deste como uma brincadeira. Valorizaríamos mais a vida, se tivéssemos valorizado a morte.

Eis que esse site entra em uma contradição. Ele cantará a morte, mais para cantar a vida! Aqueles que estão curiosos sobre o assunto por mim são considerados sábios, pois estão buscando a vida, ao invés da morte, e a simples intuição de buscar entender a morte, já é um desejo de buscar entender a própria vida.

Aqui nesse blog, a morte terá voz! Nas vozes de vários povos, desde os tempos antigos, até os autores mais modernos que falaram e falam do assunto. Poderemos então novamente entender como o ser humano, desde o início dos tempos, têm lidado com o tema "morrer" e "viver", e o que se modificou de lá para cá, quais as crenças, quais os costumes, a cultura, o sentimento e o clima em volta desse assunto. Quem gosta de história, mitologia, religião e literatura também encontrará alguma coisa para si aqui nesse lugar. Apenas, o foco nosso é sobre a vida e a morte, sobre o morrer e o viver!

Neste blog, Thanatos canta!