segunda-feira, 30 de novembro de 2015

MITOLOGIA GREGA - COSMOGONIA


Como falar da Morte sem falar da Vida? Afinal, o que havia antes da vida, não era a não-vida? E a não-vida seria a mesma coisa que a morte, ou não? Bem, esses conceitos do que é vida, não-vida e morte depende muito mais da religião ou mitologia referida. Ou, até mesmo, da negação da religião ou negação da mitologia. Cada ser humano, cultura ou povo, individualmente, enxergavam a morte, a vida e a não-vida de forma diferente. O gregos costumavam atribuir aos elementos da natureza e da essência humana uma forma sólida e nomes. O amor tinha nome: Eros. O tempo tinha nome: Cronos, assim como o destino Moros, a terra Gaia, a morte Thanatos, a vingança Nêmesis, a justiça Têmis. Para nossa civilização ocidental atual, justiça, morte, amor, tempo, são conceitos abstratos, ações, sentimentos, estados do espírito e do corpo, gerais, não-pessoais. Os gregos o tratavam de forma especial, como se todos esses conceitos fossem personificados em seres, que têm sentimentos e agem sobre o mundo. Thanatos é seduzido por Sísifo, Cronos teme seu reinado terminar e come seus filhos, e assim em diante.

Cosmogonia foi o nome dado para a teoria da orígem do mundo, criada pelos gregos antigos. Impele até mesmo a criação do Submundo, na Cosmogonia. Segundo os gregos, tudo antes do mundo era o Caos, que por sua vez, era a personificação do Caos, o deus mais velho de todos. As deidades gregas são divididas em gerações, como famílias, mas aparentemente (ou seria uma impressão minha) a idade desses seres não influenciavam nos seus poderes - os mais velhos não eram mais fortes ou mais fracos dependendo de sua idade. O mundo era uma mistura de seus elementos principais. Fogo, terra, ar, água, tudo vivia em desordem, sem uma separação, um sentido, uma lógica. Era um vazio imenso e desorganizado.

Os filhos de Caos nasceram de separações, surgiram do próprio Caos, são parte deles que se transformaram em deidades diferentes. Uma delas é Nyx, a Noite. Érebo é a Treva, a Noite do Submundo. Deles, também vieram através dessas separações assexuadas seus outros filhos, muito embora hajam afirmações que Hypnus e Thanatos são filhos da união de Nyx e Érebo. Essa união sexual só foi possível acontecer após o surgimento de Eros. Como dito anteriormente, Eros surgiu do Caos, mas não é nenhum de seus filhos e sim seu irmão. Não se sabe direito do nascimento de Eros, de onde ele veio ou como ele veio, sabe-se apenas ter nascido de um grande ovo cósmico – e sabe-se lá como esse ovo apareceu!


Eros, ao contrário do Caos, é a vida gerada através da união de seres de sexo oposto. O que faz muitas pessoas confundirem Eros com o deus do sexo ou do amor. Eros é O Amor, ou seja, a vida gerada através da união de dois seres. Apenas depois de Eros, Nyx e Érebo puderam se unir e gerar Thanatos e Hypnus. Em outras palavras, só após o surgimento da vida, ou da gestação, pôde ocorrer o surgimento da morte. O que nos remete à pergunta do parágrafo primeiro: a não-vida é a mesma coisa que a morte? Parece-me (e talvez isso seja só um equívoco pessoal) que para os gregos, a não-vida é a atividade antes da vida, e a morte é a não-atividade da vida. Quero dizer, como você poderá morrer, se você não viveu?

Só se morre o que já se foi vivo. Se nunca viveu, não se é morto, é apenas não-vivo. Logo, a Morte só nasceu depois do surgimento da Vida no mundo. Eros possui um irmão, Anteros. Vale ressaltar que neste período, Eros não é filho de Afrodite, ele não se personificou como um deus ainda, ele é uma deidade, uma essência, é a vida, sem forma, sem sexo, apenas uma energia, uma natureza. Anteros serve como antágono e equilibrador das ações de Eros. Como Eros é responsável pela fusão dos elementos do mundo, para a geração de novos elementos vivos, Antero é a respulsa entre os elementos do mundo, para que essa fusão provocada por Eros não se torne confusa demais ou prejudicial. Como um ímã, que possui dois lados – um que se atrai e outro que se afasta – ou então Eros correria grande risco de se conventer em Caos, onde tudo está misturado e é um grande vazio explosivo e desorganizado.

OS DEUSES PRIMORDIAIS DA COSMOGONIA GREGA:

Passada essa fase do surgimento de Eros, sabemos que o mundo foi se organizando, não mais regido pelo Caos, gerando as grandes deidades. De Nyx, assexuadamente através de um ovo cósmico (olha o ovo novamente), vieram as Moiras, citadas numa das postagens anteriores, Éris (a discórdia), Nêmesis (vingança, ou justiça violenta), as Keres (as mortes precoces), Éter (luz celestial) e Hemera, o dia, dentre outras deidades. Nyx basicamente foi a deusa mãe de todas as outras entidades. Quando os titãs tentaram assassinar Hélio (o sol), Nyx o adotou como filho. Com Erebus, Nyx teve os gêmeos Thanatos e Hypnus. Outras fontes afirmam que Thanatos e Hypnus eram só filhos de Nyx e os filhos que ela teve com Erebus foram Ether e Hemera. Nyx era irmã de Érebo, de Tártaro e de Gaia. Ela é descrita como uma deidade feminina que percorre o céu com seu manto negro, em cima de um treinó guiado por cavalos negros e acompanhada pelas Keres. Esse manto negro a mantém invisível, permite que ela observe a tudo e todos sem ser vista, também é em seu manto onde as estrelas estão grudadas. É temida tanto pelos mortais, quanto pelos deuses gregos. Mas, o conto da Cosmogonia grega estaria debilitado se falássemos de Nyx e apenas por alto de seus acompanhantes. Vamos citá-los, um por um.


EREBUS: Enquanto Nyx é a noite superficial, a noite celeste, Érebo representa a Treva, a noite do Submundo, no interior de Gaia. Seus domínios eram áreas do mundo onde só existia o vácuo, a escuridão e a ausência de vida, a não-vida, portanto, também não havia morte. Era filho do Caos, irmão de Nyx, Gaia dentre outras deidades. Com Nyx, teve os gêmeos Thanatos e Hypnus, mas estes só surgiram após o nascimento de Eros, de um grande Ovo cósmico.

GAIA: Gaia é a Terra, literalmente, por sobre estão todos os seres vivos, todos sendo filhos dela. Ela desposou Urano (o céu) e/ou Ponto (a água), de onde seus filhos nasceram: deuses, titãs etc. Ela é uma das deidades nascidas do Caos, ou seja, irmã de Nyx. Com Tártaro (as profundezas) teve seus filhos monstros e desvirtuosos, seres que depois foram respousar no Submundo. Em Suma, Gaia é a mãe de todos os seres. Conta a Cosmogonia que Gaia teve 12 titãs, além de gigantes e Ciclopes e outros seres com Urano.

URANO: Urano era a deidade que reinava o mundo, era o líder maior, era o Céu. Ele era filho de Gaia com Ether (sendo este Ether a luz celestial filho de Nyx). Alguns contos dizem Gaia ter tido Urano com Ether para poder desposar alguém de mesma força e essência que ela. Ela tem o filho e casa-se com ele. Como dito antes, eles têm juntos vários deuses primordiais poderosos, gigantes, ciclopes dentre outras criaturas. Ao engravidar Gaia dos 12 filhos mais novos, os titãs, Urano temeu o grande poder que esses seus filhos tinham e aprisionou todos em montes e cavernas. Ela, mesmo assim, teve seus filhos, os doze Titãs ou deuses primordiais, entre eles Cronos e Réia. Ela forjou uma arma branca para que Cronos atacasse seu pai, quando Urano viesse desposar Gaia mais uma vez. Retornamos então para a história da postagem anterior. Quando Urano aproximou-se de Gaia, Cronos o castrou, separando o céu da terra e seu testículo caiu na água (Ponto). Algumas gotas de sangue fecundaram a terra e da terra fecundada nasceram as Erínias (Fúrias).


REFERÊNCIAS:

  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro:
  • Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.espiritualismo.hostmach.com.br>

Nenhum comentário:

Postar um comentário