segunda-feira, 30 de novembro de 2015

MITOLOGIA GREGA - O SURGIMENTO DA HUMANIDADE:

Continuando o episódio sobre a criação do mundo, falaremos do papel dos titãs após a reorganização do mundo por parte dos deuses e, a partir daí, o surgimento da humanidade. Há três grande irmãos que devem ser ditados aqui: Prometeu, Epimeteu e Atlas. Vale aqui ressaltar a natureza dos titãs, para que ocorram menores confusões sobre o assunto. Os titãs normalmente são confundidos em termos de natureza e personalidade com Cronos. Muitos acreditam que titãs eram terríveis gigantes que comiam humanos, ou coisas distorcidas parecidas. Em primeiro lugar, ainda não havia humanos nessa época da história! Como poderiam então comê-los? Segundo lugar, os titãs eram gigantes, assim como os ciclopes e as outras criaturas filhas da Terra. Mas, os titãs, ao contrário dos outros filhos de Gaia possuíam natureza humana.

Portanto, alguns eram bons, alguns eram maus, a sua personalidade era individual e bastante divergente. Tem-se essa imagem distorcida dos titãs porque Cronos foi o mais famoso, por ter devorado seus filhos. Os outros nada têm a ver com isso, embora alguns tenham ficado a favor dele e outros contra, na Titanomaquia. Que fique claro também algo sobre Erebus. Ele não era um titã, era uma deidade ainda mais primitiva, filho do Caos, e foi apenas na Titanomaquia que Erebus ficou ao lado dos titãs assim como Nyx ficou ao lado dos deuses, junto a outros titãs que eram opostos a Cronos. Prometeu, Epimeteu e Atlas eram titãs irmãos. Como ficaram ao lado dos deuses, eles foram poupados e, assim que o mundo foi reorganizado sob as ordens de Zeus, esses titãs em liberdade tomaram seus lugares e suas funções, para ajudar ao equilíbrio do mundo.

Esse foi o caso de Prometeu e Epimeteu. Atlas, o outro irmão, foi condenado por Zeus, pois se opôs contra o deus dos deuses. O seu grande castigo foi carregar o mundo nas costas e o céu em seus ombros. Céu este que, após Urano morto, seria onde o Dia e a Noite sempre se cruzam, mas nunca ao mesmo tempo. Já Prometeu e Epimeteu têm sua história especial, diferente.

Claro que, após a Titanomaquia, os deuses gregos não conseguiram reinar com paz. Houveram várias tentativas, por parte de outras criaturas, de tomar o poder; como a história do grande Tífon conta, como a história de Hércules também, mas isso não nos vem ao caso agora. É importante agora saber que, depois que todos os monstros foram derrotados, estes todos – criaturas horríveis e adversas – foram enviados para o reino de Hades, aonde pertencem até os dias atuais. Hades criou-os como suas criaturas, seus servos, outros foram apenas impelidos ao castigo eterno. Assim, a terra ficou livre para que a humanidade brotasse.

A Terra, segundo os deuses, não era redonda – este conceito foi construído muitos mil anos depois – era plana, como um disco redondo que é dividido ao meio pelo mar Mediterrâneo e pelo mar Negro. Em sua volta, cobre o rio Oceano, este é um titã aliás. Do outro lado do Oceano, viviam os Simérios que, segundo os gregos, eram um povo que vivia em sombra eterna, tristes e melancólicos, sem nunca terem conhecido a luz do dia, e de natureza desconhecida aos gregos. Também viviam os Hiperbóreos, um povo oposto aos simérios, pois eram felizes e dançantes, não conheciam a morte, apenas a beleza e a eternidade. Além desses lugares, havia os campos Elíseos, onde os mortos bem aventurados ficavam, domínio de Hades aqui já retratado. Enfim, depois de toda a criação, faltava ainda a humanidade!




Prometeu significa “aquele que enxerga antes”, “premedição”, “aquele que prevê”. Epimeteu é aquele que enxerga depois. Eram de personalidades diferentes. A ele, por Zeus, foi incubida a missão de criar os animais e os humanos, dando dons a eles para que eles pudessem conviver na terra e sobreviver. A primeira geração de homens criadas pelos deuses foi a geração de ouro, uma raça de homens próspera, que eram felizes e unidos à natureza, respeitavam os deuses e não existia tristeza entre eles, apenas o amor e a vida. Essa comunidade era constituída apenas por homens, é importante citar que não existiam mulheres na época... No entanto foi destruída em várias lutas feitas pelos próprios deuses, que acabaram extinguindo os humanos. Foi criada então a geração de Prata. Epimeteu, que tinha o dever de dar os dons aos animais e aos humanos, foi impulsivo, como sempre, e presenteou os animais com todos os dons possíveis, não restando nada para os humanos. Os pássaros voavam, os peixes enxergavam e respiravam na água, os camaleões camuflavam, as cobras eram peçonhentas, os carnívoros tinham garras e presas... E os humanos? Como sempre, Epimeteu “viu depois” o que tinha feito e arrependeu-se, indo buscar ajuda ao seu irmão.

Essa geração de Prata dos humanos era frágil e primitiva, viviam em cavernas, comendo carne crua, caçando animais com lanças feitas de pedras e caminhavam curvados. Morriam no frio, pois eram pelados – não possuíam pelos para se aquecer – e eram fracos em músculo e devagar em agilidade perante outros carnívoros. Prometeu, pensando em como ajudar esses frágeis homens, roubou o fogo do Olimpo, acendendo uma tocha com este e trazendo esse fogo para os humanos. O seu plano deu certo, obviamente, Prometeu era o sábio, pensava antes de agir, via suas consequências antes de planejar. Mas, os homens reagiram ao contrário do que ele imaginava. Eles foram capazes de assar a carne e torna-la mais fácil de comer, foram capazes de açoitar predadores, de se aquecer no frio, de fazer roupas com as peles dos animais, foram capazes de iluminar a noite e enxergar nas cavernas onde moravam. No entanto, por terem esse domínio nas mãos, o domínio do fogo, os humanos passaram a desdenhar dos deuses.

Zeus, que se sentiu roubado pelo furto de Prometeu, roubou o fogo dos humanos e, engolidos pelas trevas e pela incapacidade, a geração de Prata pereceu. Então, foi-se criada a geração de bronze. Esses homens de bronze eram terríveis, intolerantes, raivosos, com um instinto destrutivo e para quem Prometeu roubou o fogo dos deuses pela segunda vez, entregando a eles, para que eles sobrevivessem. Com o fogo, os homens de bronze forjaram armas e escudos de bronze, fizeram roupas e arte mais aprimorada. Aos poucos, além de serem mesquinhos, violentos e destruitivos, passaram a desdenhar dos deuses. Afinal, para quê precisavam dos deuses, se eles conseguiam sustentar-se sozinho? Furioso, Zeus quis se vingar. Primeiro dos homens, depois de Prometeu. Sua vingança foi lenta e ele foi paciente. É neste momento da história que entra Pandora.


Pandora foi a primeira mulher da humanidade, criada por Zeus como “presente” aos homens. Ela foi esculpida por Hefesto, o deus forjador, fabricador de esculturas perfeitas para os deuses. Depois, cada deusa presente deu seu dom especial para Pandora: Afrodite deu a beleza, Atenas deu a sabedoria, Hera e Héstia deram a habilidade de cuidar do casamento, da família e dos filhos, Artemis deu o dom da caça e da comunicação com os animais, Têmis deu o dom da justiça, Deméter deu o dom da agricultura e assim por diante. Quando Pandora esteve perfeita, foi mandada à terra por Hermes, o mensageiro dos deuses. Prometeu, aquele que prevê tudo, viu quais eram as intenções de Zeus e preveniu a seu irmão Epimeteu sobre Pandora. Epimeteu, impulsivo como sempre, apaixonou-se pela
mulher e não deu ouvidos ao titã irmão. Casou-se com ela e teve uma filha, chamada Pirra. Prometeu, mais tarde, tem um filho chamado Deucalião. Pandora foi deixada na terra com uma ânfora em sua mão, a qual Prometeu lacrou antes que fosse aberta.

O titã fez Pandora prometer que nunca abriria aquela ânfora, pois era um presente de Zeus e não se devia confiar. Enquanto isso, a “mulher maravilha” da humanidade ajudava os homens de bronze a se tornarem menos ignorantes; ensinou-lhes sobre justiça, humanidade, agricultura, arte, aos poucos tornando a sociedade cada vez mais independente e próspera. Ela, no entanto, continuava esnobando os deuses, que não estavam nada felizes. Pandora, no entanto, tinha uma qualidade que poderia tornar-se defeito em pouco tempo: sua curiosidade e vontade de sempre saber mais. Quebrou sua promessa e assim, abriu a ânfora lacrada. De dentro dela, todos os males da humanidade saíram, como essências do mal, possuindo os corações dos homens que, mesmo com todos aqueles conhecimentos, continuavam frágeis e sucessíveis ao fracasso. Dessa forma, Pandora viu o mais honesto se tornar avarento, o mais piedoso se tornar o mestre das torturas e da intolerância. Quando a
humanidade estava se destruindo novamente, Zeus entrou em ação.

Prometeu, que tudo prevê, avisou ao seu filho Deucalião sobre a catástrofe e destruição total que viria. Deucalião, que havia casado com Pirra (sua prima) pediu ajuda à esposa e teve ajuda do titã seu pai para montar uma grande arca! Eles tentaram avisar aos humanos sobre a fúria do deus dos deuses, mas os homens soberbos não quiseram dar ouvidos. Então, os netos de Prometeu, filhos de Pirra e Deucalião pediram aos pássaros que avisassem aos outros animais. Em pouco tempo, um par de cada animal estava entrando na grande arca junto a eles. Logo depois, Zeus inundou todo o mundo, cobrindo até mesmo as montanhas altas, tudo. Pandora, assim como os outros mortais, pararam no reino de Hades, após o dilúvio. Os únicos que sobreviveram foram Pirra, Deucalião e seus filhos, junto aos animais e plantas que coletaram e protegeram dentro da grande arca. Após 10 dias e 10 noites, Deucalião percebeu que haviam atracado em uma terra. Era o alto do monte Parnaso. Lá, desceram da arca e libertaram os animais. Construíram um tempo para Zeus, feito de barro.

Deucalião e Pirra haviam sido criados por Prometeu e Pandora, portanto, eram virtuosos, de bons corações que veneravam os deuses e haviam criado assim seus filhos. Após criar o templo de Zeus naquela ilha deserta, eles clamaram a sua solidão, por serem os únicos de sua espécie. Zeus, comovido, mandou então Têmis deusa da justiça para dar-lhes um presente. Têmis disse que eles cobrissem seus olhos e lançassem por cima dos ombros os ossos de sua mãe. Após compreender que esta mãe era Gaia, a Terra, os filhos dos titãs jogaram pedras por cima dos ombros e dessas pedras, surgiram os demais homens e mulheres, gerando a idade da pedra, ou idade dos heróis. Neste tempo, vários heróis surgiram como Aquiles, Hércules, Perseu, Teseu etc. Depois que todos estes cumpriram sua honra e morreram como heróis, restou apenas o povo grego. O povo grego surgiu então, e seguia duas premissas para a sobrevivência: excelência e honra.

Prometeu teve seu castigo. Foi aprisionado no alto do monte Cáucaso, por onde passaria a eternidade sofrendo, sem poder comer, dormir ou viver. No entanto, seu castigo ainda piorou, quando Zeus descobriu através do Oráculo que um de seus filhos iria destrona-lo. Como sabia que Prometeu era o único que saberia quem seria a mãe desse garoto, mandou Hermes falar com Prometeu e interroga-lo. O titã no entanto negou-se a se submeter aos caprichos de Zeus através daquela violência e nada contou. Zeus condenou-o a permanecer no Cáucaso e mais, uma grande águia – a mesma que havia o arrastado para o alto do monte – comeria-lhe o fígado todo o dia. Este se regeneraria durante a noite, para ser devorado pela águia no dia seguinte, assim pela eternidade já que o titã era imortal. Quanto a Pandora, ela parou no Submundo após o dilúvio, cometendo suicídio aos 34 anos. Hades apiedou-se dela – como raras vezes tem feito em suas histórias – e transformou-a em uma deusa. Portanto, Pandora é a deusa da humanidade, das virtudes, que vive no Submundo junto a Hades, Persérfone dentre outros.


REFERÊNCIAS:

  • RODRIGUES S. A caixa de Pandora - Coleção Reconstruir. Belo Horizonte:
  • Formato Editorial, 2004.
  • HAMILTON E. Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • BULFINCH T. O livro de ouro da mitologia - histórias de deuses e heróis. Rio de
  • Janeiro: Ediouro, 2010.
  • Site Espiritualismo. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.espiritualismo.hostmach.com.br >

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